Rio Grande do Sul Honestidade
Gari acha R$ 4 mil em aterro sanitário e devolve para comerciante
Dono de minimercado tinha jogado a sacola no lixo por engano e ficou desesperado porque não teria como pagar suas contas.
07/01/2022 14h24
Por: Marcelo Dargelio
Seu Roque já tinha desistido de encontrar o dinheiro entregue por Wesley

Atos de solidariedade precisam ser replicados sempre que acontecem. Isso porque está cada vez mais difícil coisas que seriam comuns acontecerem nos dias de hoje. Nesta semana, um gari virou herói de um pequeno comerciante que havia perdido R$ 4 mil, que foram encontrados e devolvidos por ele. O caso aconteceu na cidade de Novo Hamburgo.

Wesley Zaqueu Soares,  de 20 anos, achou no lixão uma sacola com R$ 4 mil em espécie, dinheiro que pagaria as contas do minimercado de José Roque de Lima, 56 anos. O jovem atua na manutenção e limpeza da Central de Resíduos da Roselândia, mas, na terça-feira (4), quando o dinheiro foi jogado fora, trabalhava no transbordo dos caminhões. Mesmo já descrente, foi ele quem encontrou o saco recheado com as cédulas, pouco antes de o pacote ir para as esteiras de seleção. Diariamente, passam pelo local 180 toneladas de descartes.

Roque, como o microempresário dono do dinheiro é conhecido no bairro Canudos, começou a vasculhar o lixo por volta das 10h. Segundo a recicladora Tassia Rodrigues, 35 anos, ele negou o convite para almoçar na cooperativa e só interrompeu a procura no início da tarde, já exausto e sem esperanças. Pouco depois, as notas seriam encontradas por Wesley. Começava, naquele momento, outro desafio: localizar Roque, que saiu do aterro sem deixar um telefone de contato. "Ligamos para o mototáxi que trouxe ele, mas o rapaz não atendeu. Aí os guris que fazem a coleta pegaram a moto e foram lá no bairro Canudos, acharam o mercadinho e trouxeram ele pra cá", explica Tassia.

Naquele mesmo dia, no pavilhão, Roque encontrou novamente os 70 recicladores que, sem exceção, ajudaram na busca. Contou mais uma vez como perdeu a sacola, agradeceu e posou para fotos com a equipe. 

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Wesley Soares sonha em ser policial rodoviário federal e disse que sua honestidade vem de berço - Tiago Boff/Agência RBS

 

Wesley recebe, mensalmente, pouco mais de um salário mínimo para uma função das 7h às 16h. À noite, frequenta um curso de gastronomia, mas admite que a meta é usar a futura formação técnica para acesso a outra profissão: quer ser policial rodoviário federal. Nos galpões, o caso é contado com orgulho por todos. A opinião sobre o destino do dinheiro também se mostra unânime. "Na hora que encontrei, eu só pensava no desespero do senhor, que tinha separado o dinheiro para pagar as contas. Honestidade aprendi com minha família. Espero que seja um exemplo para um 2022 melhor", finalizou Wesley.

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