Esta sexta-feira, dia 31, marca exatos dois anos da descoberta da Covid-19. No dia 31 de dezembro de 2019, o governo chinês comunicou à Organização Mundial de Saúde (OMS) que a cidade de Wuhan havia registrado 44 doentes por conta de uma pneumonia viral desconhecida.
O surto se iniciou por pessoas que tinham ligação com um mercado de frutos do mar e animais vivos na região. No início, as autoridades acreditavam que não havia transmissão da doença entre humanos.
Em 11 de janeiro, morreu a primeira vítima da pneumonia misteriosa, um homem de 61 anos que estava internado em um hospital de Wuhan. No dia seguinte, cientistas chineses publicaram a sequência genética do vírus causador da doença, elucidando as primeiras dúvidas acerca da infecção. Descobre-se que é um betacoronavírus, muito semelhante ao causador da SARS. O patógeno é nomeado como SARS-CoV-2.
Tratava-se de um vírus de transmissão pela via respiratória, que causava febre, dificuldade para respirar e, em alguns indivíduos, um quadro de pneumonia – outros sintomas foram identificados nas semanas seguintes, como perda do paladar e olfato.
A suposta pneumonia viral desconhecida lembrava o outro coronavírus que havia atingido a Ásia quase duas décadas atrás. Em 2002 e 2003, o SARS-CoV atingiu 8 mil pessoas e matou 774. No entanto, a descoberta foi que o novo coronavírus em questão se tratava do SARS-CoV-2, que até o momento vitimou 5.431.860 pessoas em todo o planeta e infectou 286.597.691.
Variantes ameaçam combate à pandemia
O ano de 2021 também pode ser marcado como o ano das variantes de preocupação do SARS-CoV-2: alfa, beta, gama, delta e ômicron. Embora a maioria delas tenha sido detectada no ano passado, os picos de casos provocados por elas se deram nos últimos 12 meses.
A primeira variante a acender um sinal amarelo na OMS foi a Alfa, identificada pela primeira vez no Reino Unido em setembro de 2020 e mais transmissível que a cepa original de Wuhan. Ela contribuiu para uma elevação das infecções e mortes na Europa e Estados Unidos a partir de dezembro daquele ano.
A variante Beta surgiu ainda antes, em maio de 2020, na África do Sul, mas não se disseminou com tanta força.
O capítulo mais trágico da pandemia no Brasil teve como ingrediente principal o surgimento da terceira variante de preocupação: a gama, em novembro de 2020, no Amazonas.
Os efeitos da Gama começaram a ser sentidos nos hospitais de Manaus ainda no fim de 2020, cerca de sete meses após o Amazonas ter vivido um pico inicial de infectados e mortos. O governo amazonense anunciou um lockdown na tentativa de frear o aumento de casos e internações, mas grupos organizados protestaram e a decisão foi revogada.
Em poucas semanas, Manaus entrou em colapso, com pessoas morrendo por falta de oxigênio. A empresa que fornecia o gás para os hospitais do estado atingiu o pico de produção e cilindros precisaram ser transportados de barco e de avião para a capital. Em 31 de março, o Brasil atingiu o recorde de 3.869 mortes por Covid-19 registradas em um único dia. A doença se espalhou pelo país todo praticamente ao mesmo tempo, deixando estados inteiros sem leitos de UTI.
Na mesma época, a variante delta provocava cenas de horror na Índia. A cepa foi identificada pela primeira vez em outubro de 2020 e causou um aumento exponencial de infectados naquele país a partir de abril, enquanto a vacinação ainda era insignificante.
Em julho, a OMS já indica que a Delta está se tornando predominante em todo o mundo. Israel, Europa e Estados Unidos enfrentavam um aumento de casos, especialmente entre não vacinados. Esta é classificada como a terceira onda em algumas localidades — a primeira foi pelo vírus original e a segunda pela variante Alfa (no caso do Brasil, pela Gama).
Países desenvolvidos travam uma luta para conseguir minimizar o efeito dos movimentos antivacina que ameaçam colocar em risco o combate à pandemia. Nos EUA, onde sobram vacinas, a cobertura vacinal não conseguiu ultrapassar 62% da população. O mundo chega a dezembro de 2021 com mais de 275 milhões de casos confirmados e quase 5,5 milhões de mortes.
Em meio a isto, surge também a variante ômicron, potencialmente mais transmissível e capaz de escapar significativamente da imunidade conferida pelas vacinas. Ela dá início ao que se chama de quarta onda da Covid-19. A cepa foi identificada pela primeira vez na África do Sul, em novembro, mas há indícios de que já estivesse presente em outros países antes disso.
Em menos de um mês, a ômicron já é identificada em ao menos 89 países. Embora mais transmissível, a variante não deu sinais de ser mais letal. Pelo contrário, apresentou sintomas diferentes dos observados até então e costuma provocar casos leves, principalmente entre os vacinados.
Diante do desafio imposto, cientistas retornaram aos laboratórios neste fim de ano para desenvolver versões atualizadas das vacinas já existentes que sejam capazes de neutralizar a ômicron e, quem sabe, garantir que 2022 seja o ano do fim da pandemia.
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