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Aos 83 anos, morre a escritora gaúcha Lya Luft

Segundo a família, ela lutava há sete meses contra um câncer

30/12/2021 às 13h49
Por: Marcelo Dargelio Fonte: G1
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(Reprodução)
(Reprodução)

A escritora gaúcha Lya Luft faleceu na madrugada desta quinta-feira, dia 30, em Porto Alegre, segundo sua filha, Suzana Luft. Natural de Santa Cruz do Sul, ela tinha 83 anos. Lya faleceu em casa.

De acordo com Suzana, Lya lutava há sete meses contra um melanoma, câncer descoberto já com metástase. Ficou internada, mas pediu para ir para casa antes do Natal. Ainda de acordo com a filha, Lya morreu enquanto dormia.

A cerimônia de despedida deve ser restrita à família.

O governador do RS, Eduardo Leite, manifestou pesar pelo falecimento. "O RS perde um dos seus maiores nomes da literatura. Lya Luft nos deixa aos 83 anos e abre uma lacuna difícil de ser preenchida. Que Deus conforte a família e os amigos", postou.

A Academia Riograndense de Letras também se manifestou. "Comunico falecimento da Lya Luft, nossa escritora do ano, nesta madrugada. Nossa homenagem chegou em tempo e trouxe alegria aos seus últimos dias", informou o presidente da entidade, Rafael Bán Jacobsen.

A mulher
Filha de descendentes alemães, foi incentivada pelos pais a desenvolver o hábito da leitura ainda na infância. Depois de cursar o então Ensino Primário e o Científico, ela passou um ano em Porto Alegre, em 1955, fazendo a Escola Normal no Colégio Americano.

Ela retornou para Santa Cruz do Sul para concluir a Escola Normal. Voltou à Capital para cursar faculdade em 1959. Na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Lya concluiu o curso de Letras Anglo-germânicas em 1963.

Ela fez dois mestrados: um em Linguística, também na PUCRS, em 1975, e outro em Literatura Brasileira, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1978. Entre 1969 e 1982, atuou como professora de Linguística na Faculdade Porto-Alegrense (FAPA). Deixou de dar aulas devido à carreira de escritora.

Com Celso Pedro Luft, teve três filhos: Suzana, em 1965; André, em 1966; e Eduardo, em 1969. O casamento de Lya com Celso durou até 1985.

Em 2019, sofreu um infarto agudo do miocárdio e chegou a ficar internada para um procedimento cardiológico, em Porto Alegre. Dois anos antes, perdeu o filho, André, que sofreu uma parada cardiorrespiratória enquanto surfava, em Florianópolis.

Até o fim de sua vida, foi companheira de Vicente de Britto Pereira, seu terceiro marido.

A escritora
Lya começou a trabalhar com o mundo literário no começo dos anos 1960, como tradutora de obras em alemão e inglês.

Entre 1964 e 1978, publicou três livros. No entanto, só passou a se considerar "escritora" a partir de 1980, quando, com mais de 40 anos, escreveu o seu primeiro romance, "As Parceiras", que teve repercussão nacional.

Entre obras que chamaram a atenção nacionalmente, estão: "Exílio" (1987), "O Lado Fatal" (1989), "A Sentinela" (1994) e "O Rio do Meio" (1996). Esse último título recebeu o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte por obra de ficção. Também em 1996, foi eleita patrona da Feira do Livro de Porto Alegre. Em 2001, recebeu o Prêmio União Latina de Melhor Tradução Técnica e Científica, pela obra "Lete: Arte e Crítica do Esquecimento", de Harald Weinrich.

Lya Luft se tornou mais conhecida após o lançamento de "Perdas & Ganhos", em 2003. Considerada um best-seller, a obra chegou em sua 40ª edição, com mais de 600 mil exemplares vendidos, de acordo com a Editora Record. O título ganhou edições em inglês, alemão, espanhol, francês e italiano.

Em 2013, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo livro "O Tigre na Sombra (2012)", eleita a melhor obra de ficção do ano na categoria romance.

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