O verão no litoral gaúcho começou com uma infestação de águas-vivas praticamente em todas as praias no Rio Grande do Sul. A situação é considerada preocupante pelo Corpo de Bombeiros. O litoral sul é o mais atingido pela infestação até o momento.
Dos mais de 500 casos registrados pelo Corpo de Bombeiros, 187 aconteceram na Praia do Cassino, na cidade de Rio Grande, na Zona Sul do Estado. Somente neste sábado, 25, foram registrados 30 casos de queimaduras de banhistas. Nas guaritas dos guarda-vidas, a bandeira roxa sinaliza área com alta incidência dos animais, também conhecidos como mães d'água.
No Litoral Norte, a incidência de queimaduras por águas-vivas também vem aumentando. As praias de Xangri-lá, Capão da Canoa, Nova Tramandaí, Tramandaí, Imbé Sul e Arroio do Sal já registraram mais de 200 casos, somadas todas as ocorrências destes pontos. A praia de Torres não tem registro de ocorrências deste tipo até o momento.
O que provoca a infestação de águas-vivas
A bióloga Cariane Trigo, do Ceclimar (Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos), atribui o aumento da presença de águas também à atividade de correntes marítimas no litoral sul do Brasil. "O motivo principal para o aparecimento maior de águas-vivas no verão envolve a Corrente Oceânica do Brasil", afirma. Essa corrente leva para o sul as águas-vivas que se reproduzem no litoral ao norte do Rio Grande do Sul no verão e complementa a atividade da Corrente das Malvinas, que atua principalmente no inverno.
Caravelas portuguesas são os tipos mais comuns
As queimaduras nas praias gaúchas têm sido provocadas por um tipo diferente de água-viva. As caravelas, cujo nome científico é Physalia Physalis, contam com tentáculos que podem chegar a até 40 metros de comprimento e dois de diâmetro – aliás, o nome “caravela” ou “caravela portuguesa” deve-se à semelhança desse animal com a embarcação do mesmo nome. É preciso ter em atenção que, quanto maior for o tentáculo, mais grave pode vir a ser a lesão que os cnidários causam na pele humana, com machucados, chamados popularmente de “queimaduras”, que podem ultrapassar os vinte centímetros de diâmetro. Portanto, as caravelas são mais perigosas e, em casos raros, podem mesmo ser fatais para a vítima.
O que fazer em caso de queimadura
Os banhistas a ficarem atentos à sinalização roxa escrita 'infestação de água viva', colocada às margens do mar, e evitar avançar para muito longe da faixa de areia, tentando-se sempre "permanecer com a água até a cintura ou joelhos". Essas medidas geralmente evitam contato com as águas-vivas. Caso o banhista tenha sido vítima de um ataque, existem medidas simples para evitar maiores complicações. "Usar urina e amônia são crendices. Não existe em estudos científicos nada que comprove a eficácia dessas medidas. Evite também colocar água doce, que espalha a toxina dos tentáculos das águas-vivas, além de esfregar areia ou qualquer outra coisa no local do ataque", informa Cariane. "Se o caso for mais grave e a vítima apresentar febre, o ideal é ir até um posto de saúde".
Colocar vinagre no local da queimadura e lavar com água do mar é a medida ideal para resolver o problema. O ácido acético do vinagre ajuda a inibir a ação do veneno da água-viva. A dor da queimadura geralmente termina após 20 a 40 minutos.
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