No fim da tarde desta quarta-feira (22/12), no Salão Negrinho do Pastoreio, o principal do Palácio Piratini, o quarteto de cordas da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) deu o tom de uma cerimônia que celebrou a cultura gaúcha. O governador Eduardo Leite e a secretária da Cultura, Beatriz Araujo, conduziram a entrega da Medalha Simões Lopes Neto aos 11 homenageados de 2021. A condecoração é entregue a personalidades que se destacaram no campo da cultura, ciências, educação e magistratura no Rio Grande do Sul
Criada em 1972, a medalha leva o nome do escritor pelotense João Simões Lopes Neto, o autor mais conhecido da literatura regionalista, considerado um dos maiores do Rio Grande do Sul.
O governador Eduardo Leite falou sobre o papel da cultura e do capital humano do Estado no processo de transformação de comportamentos e na luta a favor da diversidade. “Temos a satisfação de receber os agraciados com essa medalha, que nada mais é do que o reconhecimento formal daquilo que já foi reconhecido pelo público, e as muitas palmas deste salão repleto mostram isso. Fica o agradecimento, em nome da sociedade gaúcha, aos que fazem cultura no nosso Estado. A cultura é a grande força motriz das mudanças de uma sociedade. Damos os recursos, possibilitamos os acessos, mas a cultura de um Estado não é feita pelo governante de plantão, e sim pelo seu povo. E tenho orgulho de poder oferecer neste momento mais instrumentos para que a cultura do Rio Grande do Sul se fortaleça cada vez mais”, disse.
Por meio do programa Avançar, o governo do Estado destinou R$ 84 milhões para ações no setor cultural gaúcho até 2022, iniciativa destacada por Gilberto Schwartsmann, que falou em nome dos homenageados com a medalha Simões Lopes Neto.
A secretária Beatriz falou aos homenageados sobre a tarefa da cultura de desbravar, construir pontes e combater a ignorância. “Uma tarefa necessária, que se renova, que necessita de persistência e de pessoas como vocês, que com determinação e generosidade levam-na adiante. Vocês são balizadores desta luta, e referência para os que virão depois de nós”, destacou.
Conheça os agraciados com a medalha em 2021
Antônio Carlos Côrtes: natural de Porto Alegre, formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Foi funcionário do banco do Estado por 26 anos e advogado, com atuação em áreas de direitos civil e criminal. Com larga carreira em diversas instituições de segurança, educação e cultura, Côrtes se destacou pelo trabalho em prol do povo negro.
Camila de Moraes: gaúcha, reside em Salvador há mais de uma década. É jornalista e graduanda no curso bacharelado interdisciplinar de Artes com foco em audiovisual pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). A cineasta se tornou a segunda mulher negra a entrar em circuito comercial com um longa-metragem. Camila é idealizadora e curadora do Festival Cinema Negro em Ação, a mais importante ação afirmativa do audiovisual gaúcho, que em 2021 realizou sua segunda edição.
Carlos Jorge Appel: natural de Brusque (SC), é licenciado em Letras Neolatinas pela Ufrgs, especialista em literatura hispano-americana pela Universidade de la República Del Uruguay e professor de Literatura Brasileira na Ufrgs. Foi o primeiro secretário de Estado da Cultura no Rio Grande do Sul, na data da fundação da Sedac, em 1990.
Eva Schul: diretora e coreógrafa, ganhou destaque como artista dentro e fora do Brasil. Seu trabalho rendeu diversas premiações, como a Ordem do Mérito Cultural Augusto de Campos, em 2014, um dos mais importantes reconhecimentos para o artista brasileiro.
Gilberto Schwartsmann: professor titular da Faculdade de Medicina da Ufrgs e professor emérito da Escola Latino-Americana de Oncologia. Escritor com atuação em diversas instituições culturais, já presidiu a Fundação Bienal de Artes Visuais e, atualmente, preside a Associação de Amigos do Theatro São Pedro e a Associação de Amigos da Biblioteca Pública do Estado.
Glória Crystal: atriz e ativista, formada em Serviço Social, apresentadora da Parada Livre de Porto Alegre por 23 anos – evento político e cultural do movimento LGBTQIA+. Foi secretária adjunta da Livre Orientação Sexual do Município de Porto Alegre, em 2015 – a primeira representante da comunidade de LGBTQIA+ a ocupar um cargo dessa estatura no país.
Jeferson Tenório: nascido no Rio de Janeiro e radicado em Porto Alegre, é escritor e professor de língua e literatura na rede pública de ensino de Porto Alegre. Venceu o prêmio de Livro do Ano da Associação Gaúcha dos Escritores pelo romance “O beijo na parede”. Seu livro “O avesso da pele” foi indicado ao 63º Prêmio Jabuti – tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) –, conquistando o 1º lugar na categoria Romance Literário.
José Rivair Macedo: historiador, professor do departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS. Atua na produção e divulgação do conhecimento da história das sociedades africanas, sendo organizador e autor de diversos livros que abarcam a temática. É sócio da Academia Portuguesa da História, da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros, da Comissão Editorial da Revista Brasileira de Estudos Africanos, da Revista da Associação Brasileira de Estudos Africanos, entre outras.
Paulo César Brasil do Amaral: engenheiro civil com forte ligação com as artes. Dirigiu o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs) por três períodos: 1997-1998, no qual conduziu as obras de definitivo restauro da instituição, 2003-2006 e 2015-2018. Foi curador, pelo Rio Grande do Sul, da Saison Brésil-France – 2005 (Ano do Brasil na França). Como escritor, é autor de textos críticos em livros e jornais e de apresentação de artistas das áreas visuais.
Valter Sobreiro Junior: ligado à vida cultural e artística de Pelotas e do Rio Grande do Sul há 60 anos. Seu nome é grande referência do teatro que produz na cidade e no Estado. Destacou-se por encenar textos originais, ou adaptados, com temática rio-grandense. Foi responsável pela modernização do espetáculo em diversos aspectos e pioneiro no modo de difusão das produções teatrais.
Zoravia Bettiol:artista plástica, designer e arte-educadora. Participou de 155 exposições individuais e mais de 350 coletivas, em bienais, trienais e exposições importantes internacionais entre 1959 e 2021 na América do Sul, Europa, EUA e Japão. A mais significativa foi a retrospectiva Zoravia Bettiol – O Lírico e o Onírico, no Margs, em 2016. Em 2015, foi homenageada com a criação do Instituto Zoravia Bettiol, que preservará sua arte além de difundir cultura e artes visuais.
Texto: Thamíris Mondin e Ascom/Sedac
Edição: Marcelo Flach/Secom
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