Da janela de seu apartamento no bairro Santa Rita, o bento-gonçalvense Fernando Valduga conseguiu registrar em fotos a passagem do cometa Leonard, descoberto em janeiro deste ano. O feito foi a realização de um sonho que teve como primeira tentativa a passagem do cometa Halley, em 1986. Na época, com equipamentos mais limitados, a empreitada não teve êxito.
Mais recentemente, em 2020, ele já havia tentado visualizar o cometa Neowise, também sem sucesso. Neste domingo, dia 19, entretanto, veio a recompensa: "A olho nu é quase impossível, pois ele surge ao anoitecer, a oeste, um pouco acima e a esquerda do planeta Vênus, o ponto mais luminoso que surge no local que o Sol se põe. Para conseguir fotografar, peguei umas dicas com um amigo de Santa Maria, que fotografou no sábado à noite", explica.
Por volta das 20h30, com o céu mais escuro, câmera no tripé, uma lente de abertura 1.8 ou 1.4, sem usar zoom e com tempo de exposição em mais ou menos 5 segundos. As preciosas orientações do amigo garantiram a Valduga eternizar a ilustre visita do astro, que ainda deve ser percebido até o final da semana. "O cometa está visualmente pequeno e, por aparecer ainda perto do Sol, logo no começo da noite, bem baixo, perto do horizonte, é de difícil observação a olho nu", acrescenta.
Para ajudar na missão, Valduga usou o software Stellarium – planetário desktop, freeware e opensource –, que oferece as posições aparentes do cometa Leonard no céu. "Isso ajuda bastante na 'caçada' ao cometa para quem não tem intimidade com o céu a noite", completa.
O interesse pelo astronomia já está sendo cultivado em família: o filho Jefferson, de 13 anos, também está sempre fotografando os astros. "Ele quis um telescópio de presente de Natal", finaliza Valduga.
Sobre o cometa
O cometa Leonard (ou, oficialmente, C/2021 A1), identificado por Gregory J. Leonard do Observatório do Monte Lemmon, no Arizona (EUA), em 3 de janeiro de 2021, é o que especialistas chamam de “cometa de trajetória hiperbólica”. Isso significa que seu percurso é tão longo que ele nunca passa pela mesma região duas vezes no tempo de vida de um ser humano. Neste caso, em específico, sua visita ocorre a cada 80 mil anos.
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