O contador aposentado Elmiro José Hallmann faz parte do grupo de acadêmicos graduados em Direito pela UCS Hortênsias no final deste segundo semestre. Porém, o diferencial é que ele concluiu o curso superior aos 78 anos.
Natural de Estrela, seu Elmiro passou boa parte da vida em Porto Alegre, onde se formou em Ciências Contábeis pela UFRGS em 1968. Em sua trajetória, teve empresas importantes do passado de Canela como clientes, como a Sonelli e a Madeireira Agrícola, e participou da transição do Banco Sul-Brasileiro para o Meridional nos anos 80.
Com casa de veraneio na cidade, mudou-se definitivamente há poucos anos. Em 2016, iniciou o curso de Direito no Campus Universitário da Região das Hortênsias para, no dia 8 deste mês de dezembro, apresentar seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre a dignidade da pessoa humana que recebe salário-mínimo, à luz da Constituição Federal. O conceito foi nota máxima.
Segundo o coordenador do curso de Direito da UCS Hortênsias, Guilherme Drago, seu Elmiro é um modelo não só para os mais jovens como para outros idosos. “Ele mostra que o gosto por aprender não tem idade. Sempre foi muito aplicado nas aulas, interessado e participativo, algo pelo qual era admirado por colegas e professores”, elogia.
Bem articulado, seu Elmiro não se intimidou à exigência das aulas síncronas impostas pela pandemia. “Tirei de letra! Perdi a convivência física com os colegas, mas teve o lado bom de poder ficar em casa, confortável, e eu até me concentrava melhor”, conta.
“O seu Elmiro é um exemplo de generosidade. É uma das pessoas mais altruístas que conheço, sempre disponível, extremamente prestativo. Tenho orgulho de tê-lo como ex-colega e amigo”, comenta Thamyres Barreto, estagiária de pós-graduação no Ministério Público.
“Eu preciso me ocupar”
São vários os exemplos de estudantes com mais de 60 anos vinculados ao campus da Região das Hortênsias, seja na graduação e na pós-graduação, assim como na Sede e nos demais campi da UCS. Conforme o Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação, as matrículas de idosos em cursos de ensino superior aumentaram 46,3% entre os anos de 2013 e 2017 no país.
Esses dados confirmam o perfil de uma terceira idade diferente em relação às décadas passadas. “A revolução demográfica oportuniza às pessoas idosas novas possibilidades educacionais para a continuidade ou conclusão da educação básica e ensino superior. É um acontecimento que sinaliza a efetivação de projetos de vida e sonhos. Quem estuda compreende melhor a si, a sociedade e o mundo em que vive”, pontua o professor Delcio Agliardi, coordenador do programa UCS Sênior da Universidade.
Questionado sobre o porquê de voltar a estudar depois de aposentado, seu Elmiro é taxativo: “Além do interesse cultural, eu sentia necessidade de meu ocupar”.
Envolto com perícias contábeis em sua vida profissional, seu Elmiro conviveu com personalidades do meio jurídico gaúcho. “Essa relação fez com que eu me interessasse pela cultura jurídica”, revela. Com a aposentadoria, o fato de morar definitivamente em Canela de alguns anos para cá, perto do campus das Hortênsias, foi um facilitador.
Seu Elmiro, agora, aguarda a formatura em gabinete, em abril de 2022. Do campus da UCS, vai levar boas lembranças do convívio com os professores e com os colegas. “Não tem coisa mais sadia e bonita do que conviver com a juventude”, expressa.
Questionado sobre se chegou a hora de finalmente parar de estudar, ele responde de pronto: “Não vou parar ainda. Quero cursar Filosofia, mas de casa, na EaD”, promete.
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