Simpatizantes fazem caminhada e pedem volta de Alex Carniel à prefeitura

Dezenas de pessoas saíram às ruas na tarde deste domingo, 28, para pedir o retorno do prefeito Alex Carniel à prefeitura de Garibaldi. Ele e seu vice Sergio Chesini foram afastados do cargo na tarde desta sexta-feira, 26, por determinação do Tribunal Regional Eleitoral. Carniel ainda corre o risco de ficar inelegível por oito anos.

Os simpatizantes do prefeito se reuniram por volta das 16h em frente à igreja matriz. Utilizando faixas e cartazes, o grupo saiu pelas principais ruas da cidade para protestar contra o afastamento de Alex Carniel da prefeitura. Eles gritavam palavras de ordem, como "justiça" e "O voto do povo tem valor". Para os apoiadores, Carniel está sendo injustiçado e a decisão dos desembargadores foi de encontro ao que a população decidiu nas urnas.

A decisão que determinou o afastamento de Alex Carniel e Sergio Chesini foi definida em um julgamento acirrado no TRE, precisando do voto de minerva do presidente do tribunal, o desembargador Armínio José Abreu Lima da Rosa. Ao se manifestar sobre o caso, por quase meia hora, ele tratou de ressaltar a gravidade dos fatos atribuídos à campanha do então candidato, que, entre outras acusações, instalou rastreadores nos carros do prefeito Antonio Cettolin e de seu chefe de gabinete, que apoiavam a candidatura Antônio Fachinelli e Eldo Milani, ambos do MDB. "Mas então nós podemos aceitar que alguém coloque rastreadores em dois veículos e saia monitorando os deslocamentos do prefeito e de seu chefe de gabinete? Eu imagino em uma comunidade como Garibaldi o que isso não causou de repercussão. E até que ponto podemos dizer que isso é indiferente? Então, amanhã podemos fazer mais! Foi gravíssimo o que fez o recorrido e seus asseclas. E a isso se conjuga essas despesas não contabilizadas, que não se sabe de quanto foram", destacou o presidente do TRE.

Defesa de Alex Carniel vai recorrer da decisão

Os advogados de defesa do prefeito afastado de Garibaldi, Alex Carniel (Progressistas), ingressaram com embargos de declaração no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS) para tentar reverter a decisão que determinou que ele e o vice, Sérgio Chesini (Progressistas), deixassem os cargos imediatamente. O recurso foi protocolado na noite de sexta-feira (26), horas após o tribunal publicar o acórdão da decisão que determinou a cassação da chapa vencedora das eleições de 2020. Ao contrário do que acreditava inicialmente a defesa, os magistrados entenderam que Carniel e Chesini não podem permanecer nas funções durante a análise de recursos. Ainda na sexta, a presidente da Câmara, Márcia Pedersetti, do mesmo partido do prefeito, assumiu a gestão do município.

De acordo com o advogado Marco Aguzzoli, que integra a defesa da chapa, o mais comum é que o início do cumprimento das decisões seja exigido quando se esgotam os recursos em uma determinada instância, o que não é o caso. Além da suspensão da decisão de afastar imediatamente o prefeito e o vice, os embargos de declaração também pretendem eliminar omissões e contradições dos votos dos magistrados que condenaram a chapa. A expectativa da defesa é de que ao menos o efeito suspensivo da desocupação dos cargos seja analisada rapidamente. Os advogados também pretendem encaminhar recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar reverter o julgamento do mérito da questão.

Entenda o caso

A denúncia alega abuso de poder político e econômico, além de arrecadação e gastos ilícitos de recursos por parte da chapa Carniel/Chesini. O pedido de impugnação da chapa foi movido pela coligação Garibaldi no Caminho Certo (PDT, PTB, MDB, PL, DEM, PSD e PCdoB), dos candidatos Antônio Fachinelli e Eldo Milani, ambos do MDB, que foi adversária da coligação vencedora na eleição municipal passada, Garibaldi Mais Feliz (PP, PSL e PSB), de Carniel e Chesini.

De acordo com a acusação, Carniel teria se envolvido na compra de três equipamentos de rastreamento (a captação de áudio do aparelho não ficou comprovada no processo), além da utilização de um automóvel de sua propriedade e também na contratação de detetives particulares. As negociações e utilização do veículo teriam como objetivo, segundo a denúncia, praticar um monitoramento eletrônico dos adversários políticos.

A presença do dispositivo de rastreamento foi percebida no dia 24 de outubro de 2020 no carro de Antonio Cettolin (MDB), então prefeito de Garibaldi, que apoiava a candidatura Antônio Fachinelli e Eldo Milani, ambos do MDB. A Polícia Civil investigou o caso.

Na época, o então candidato Carniel emitiu nota em redes sociais e gravou vídeos negando envolvimento na ação. No processo, também disse que não participou ou determinou que alguém praticasse o ato de instalação dos equipamentos.