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Saiba quem são os investigados na venda de hambúrguer de cavalo em Caxias do Sul

Ministério Público afirma que a cada 10 hamburguerias da cidade, pelo menos 6 estariam comprando carne clandestina de grupo criminoso.

18/11/2021 às 10h50 Atualizada em 21/11/2021 às 13h39
Por: Marcelo Dargelio
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Foram desenterradas dezenas de cabeças de cavalo enterradas na propriedade em Forqueta
Foram desenterradas dezenas de cabeças de cavalo enterradas na propriedade em Forqueta

O Ministério Público Estadual acredita que a cada 10 hamburguerias e restaurantes de Caxias Sul, pelo menos 6 vinham comprando carne de cavalo para os seus hambúrguers do grupo criminoso descoberto na manhã desta quinta-feira, 18 de novembro. Pelo menos nove pessoas são investigadas por participação direta na venda clandestina de carne. A Promotoria também apura o envolvimento dos proprietários dos estabelecimentos na ação criminosa.

No final da manhã, em entrevista coletiva à imprensa realizada na sede do Ministério Público em Caxias do Sul, o promotor de Justiça Alcindo Luz Bastos da Silva Filho, coordenador do Gaeco – Seguranca Alimentar, que esteve à frente da operação, detalhou as investigações, acompanhado do supervisor regional da Secretaria Estadual da Agricultura, William Smiderle, e da veterinária chefe do Setor de Alimentos da Vigilância Sanitária do Estado, Francine Balzaretti Cardoso. Durante a investigação, iniciada há cerca de dois meses, integrantes do Gaeco compraram hambúrgueres em três estabelecimentos comerciais de Caxias do Sul que costumavam adquirir carne moída do grupo investigado. O DNA de cavalo foi identificado na carne de lanches adquiridos de dois dos estabelecimentos: Mírus Hambúrguer Ltda. ME e Natural Burguer. Ainda, segundo Alcindo Bastos, há informações preliminares de que em torno de 60% das hamburguerias de Caxias do Sul adquiriam produtos desse grupo. “Isso será investigado, mas, desde já, reforça a importância de que os estabelecimentos jamais adquiram produtos sem inspeção”, adverte o promotor.

Conforme o Ministério Público, além do grupo não possuir autorização para o abate e comercialização de nenhum tipo de carne, os locais onde a mesma era processada apresentava péssimas condições de higiene e sanitização. Os investigados utilizavam uma propriedade na localidade de Forqueta para abater e preparar a carne de cavalo. Foram encontradas dezenas de cabeças de cavalo enterradas em uma grande extensão de terra da propriedade.

Quem são os envolvidos na venda de carne de cavalo

Os investigados que foram presos na operação em Caxias do Sul foram identificados como sendo Reny Mezzomo, de 61 anos, o filho dele, Eduardo Mezzomo, de 26 anos, e também a irmã de Reny, Sirlei Mezzomo, de 55 anos. Além deles, também foram presos  Alexandre Gedoz, de 63 anos, Terezinha Gedoz, de 59 anos, Daniel Gnoato, de 57 anos, Neri Marques de Sene, de 64 anos, Joel Rauber Capeletti, de 36 anos, e Marcos André de Bortoli, de 50 anos.  Segundo o Ministério Público, três pessoas eram responsáveis pelo abate clandestino e beneficiamento da carne sem procedência; uma mulher, parente dos primeiros, atuava como “telefonista”, tendo conhecimento das práticas criminosas e auxiliando a família no esquema; outro homem com estreita ligação com a família recolhia os restos de comida dos estabelecimentos para alimentação de suínos e é considerada pelo Gaeco peça importante no abate e comércio clandestino de carnes. O sexto homem é o responsável principal pela comercialização da carne na forma de hambúrgueres e bifes para restaurantes, ou seja, o elo do grupo criminoso com os clientes. Outros dois são os responsáveis pela confecção dos hambúrgueres e, por fim, o último tinha como função encontrar e comprar os cavalos que posteriormente seriam abatidos.

Uma grande extensão de terras em uma propriedade na localidade de Forqueta era utilizada para enterrar os animais abatidos

 

As escutas apontam também a utilização de carne estragada, lavada para tirar o odor e misturada a outras na confecção dos hambúrgueres. Há indícios, ainda, de que alguns dos animais abatidos pelo grupo seriam subtraídos de carroceiros, sendo que os próprios carroceiros estariam furtando os cavalos uns dos outros para fornecer ao abate para o grupo criminoso.

Ao decidir pela a prisão preventiva dos envolvidos, a juíza da 4ª Câmara Criminal de Caxias do Sul, Maria Cristina Rech, destacou que “embora não estejam revestidas de violência ou grave ameaça contra pessoa, são graves delitos cometidos contra a saúde pública, com a comercialização intensa de carnes abatidas, produzidas, armazenadas e vendidas irregularmente do início ao fim, sem qualquer tipo de fiscalização e acompanhamento de profissional habilitado a garantir a segurança da produção, sendo que o consumidor final não tem ciência do risco a que está exposto ao adquirirem as carnes no mercado de consumo”.

A juíza decretou, também, a quebra de sigilo de dados de aparelhos apreendidos e da interceptação telefônica, além da quebra de sigilo bancário e fiscal dos envolvidos.

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