O que já se sabia, foi confirmado nesta sexta-feira, 22. A Rede de Farmácias São João confirmou que o áudio compartilhado em grupos de WhatsApp em que uma mulher orienta a contratar apenas “pessoas bonitas” foi mesmo enviado por uma colaboradora da empresa no Litoral Norte. A informação também foi repassada à Delegacia de Polícia de Imbé, que havia aberto um inquérito para apurar o caso.
De acordo com o titular da Delegacia de Polícia de Imbé, delegado Antônio Carlos Ractz Jr., foi feito contato com Ricardo Breier, advogado da Rede de Farmácias São João, que confirmou a origem do áudio e que apresentará o diretor de Recursos Humanos da empresa para prestar esclarecimentos na delegacia. O áudio foi enviado pela coordenadora regional da empresa no Litoral Norte, que era funcionária há 13 anos da rede de farmácias. Ela repassou as orientações para os gerentes das lojas da região.
Na segunda-feira (18), a São João havia emitido uma nota em que afirmava que o áudio não era de uma funcionária e atribuía a situação a uma fake news que tentava prejudicar a empresa. Porém, com a descoberta por parte da investigação policial, a empresa mudou o discurso e informou agora que abriu uma sindicância interna, apurou o caso e que a funcionária será demitida por justa causa.
Em nova nota oficial, a empresa destacou que constatou-se que o áudio foi enviado por uma colaboradora sem o conhecimento da direção e através de um canal paralelo, não reconhecido oficialmente pela empresa. "Foi um ato totalmente isolado de uma colaboradora, que não condiz com as práticas da empresa, basta adentrar em nossas lojas. A sindicância interna resultou na aplicação das penalidades expressas na Consolidação da Leis do Trabalho. Reforçamos nosso compromisso com a comunidade, colaboradores, autoridades e ao final, ficamos à disposição para maiores esclarecimentos, caso necessário”, diz trecho da nota.
O delegado adiantou que a coordenadora deve ser indiciada pelo crime de racismo. O crime tem pena de detenção de 2 a 5 anos em caso de condenação.
Outro inquérito tinha sido aberto pelo Ministério Público do Trabalho (MPT-RS). O entendimento do órgão é de que a empresa também é responsável no caso e será chamada a responder na esfera trabalhista ou, ao menos, a firmar um compromisso de ajuste de conduta. Esses documentos são conhecidos por TACs e costumam trazer medidas que as empresas se comprometem a cumprir para mitigar impactos em sociedade.
Confira a íntegra do áudio da coordenadora
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