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Sem apoio, atletas de Bento devem ficar de fora do Mundial de Powerlifting

César Casarotto, que detém 71 títulos em sua carreira, e Everson De Morais, enfrentam dificuldades por conta da falta de apoio para continuar competindo a nível internacional.

22/09/2021 às 21h12 Atualizada em 26/09/2021 às 22h55
Por: Kevin Sganzerla Fonte: NB Notícias
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Com 71 títulos conquistados, 6 recordes sul-americanos e 1 recorde mundial, o bento-gonçalvense César Casarotto se tornou, ao longo de sua carreira, uma das principais referências do powerlifiting no Brasil. Aos 39 anos de idade, o tricampeão mundial da modalidade segue alcançando grandes resultados e perpassando a sua experiência para os atletas que estão iniciando no esporte. 

No início de setembro, César conquistou mais um título de Campeonato Brasileiro e, consequentemente, garantiu vaga ao Mundial, que ocorre em novembro, em Córdoba, na Argentina. Além dele, outro atleta de Bento, Everson De Morais, de 31, anos, que pratica a modalidade desde 2017, conquistou de forma inédita a vaga para a competição no país vizinho. No entanto, sem apoio para custear as despesas de inscrição e viagem, os atletas não devem participar do campeonato Mundial em 2021. 

O powerlifiting é um esporte de força, cujo objetivo do atleta é levantar o maior peso possível em cada um dos três movimentos que compõem a modalidade: o movimento de agachamento, o supino e o levantamento terra (peso morto). O esporte se difere do halterofilismo, ou levantamento de peso olímpico, que conta com duas provas: o arranque e o arremesso; e tem por objetivo levantar o maior peso possível, do chão até sobre a cabeça, numa barra em que são fixados pesos. 

Apesar de contar com diversos praticantes, uma vez que se trata da base da musculação, são poucos os atletas que atingem o nível de alto rendimento da modalidade. Desde 2006, César compete em torneios desde o nível estadual até o nível internacional. No início de setembro, o experiente atleta disputou o Campeonato Brasileiro de Powerlifiting, em Porto Alegre, alcançando a vaga para mais um Mundial. No entanto, a falta de apoio e recursos o impede de buscar o Heptacampeonato. 

Dentre seus principais títulos estão as seis conquistas do Sul-Americano, oito Panamericanos e três Mundiais, os quais foram conquistados no Brasil, em 2015 e 2019, e na Argentina, em 2017.  Em 2019, César obteve o recorde mundial na competição, que ocorreu em Canavieiras, em Santa Catarina. 

Everson, por sua vez, pratica o powerlifiting desde 2017, competindo em torneios amadores. Em sua trajetória na modalidade, o atleta conta com títulos em Sul-Americano, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Com o resultado obtido na competição nacional, o bento-gonçalvense conquistou de forma inédita a vaga para o Mundial. 

Para a disputa do torneio na Argentina, César, que neste ano, além do Brasileiro, também conquistou o título na Copa do Brasil, afirma que os atletas deveriam desembolsar cerca de R$ 5 mil para participar da competição, valor que está fora da realidade dos praticantes, uma vez que não contam com nenhum apoio. 

“Os gastos são bem altos: inscrição, passagens de ida e volta giram em torno de R$ 3,6 mil. Algumas coisas são em dólar e em peso, mas na conversão conseguimos esse valor. Fora uma semana de gasto lá para almoçar, jantar, refeições, toda essa parte. Além disso, é preciso uma preparação totalmente diferenciada para o Mundial, pois você quer fazer bonito. No total posso dizer que é um valor na base de R$ 5 mil para chegar lá e conseguir competir”, explica César.

O experiente atleta afirma a federação não é obrigada a ajudar financeiramente os praticantes e destaca que o esporte é pouco apoiado, porque é visto como um simples hobby, e não como uma modalidade de alto rendimento. “As pessoas pensam que é um hobby, e não um esporte. Infelizmente o Brasil em si é voltado para um ou dois esportes de massa, que envolve mais pessoas que são mais conhecidas. As pessoas tendem a achar que o que eu faço é um hobby, então a ajuda é muito escassa. Às vezes conseguimos fazer uma rifa, ou uma vaquinha, mas na realidade nunca se chega ao valor necessário”, explica. 

Sem apoio, César não conseguirá brigar pelo seu Heptacampeonato, enquanto que Everson não terá a oportunidade de disputar pela primeira vez a competição Mundial. O atleta de 31 anos já confirmou presença no Panamericano em função de sua ausência no torneio na Argentina. “Já estou focando para o próximo evento, que acontece em Caxias, e tentarei quebrar os meus recordes pessoais na competição”, afirma Everson. 

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