Nesta segunda-feira, 20 de setembro, data que marca o Dia do Gaúcho e o ápice dos Festejos Farroupilhas do Rio Grande do Sul, foi lançada a obra literária "A Matriz da Cultura Negra no Gauchismo", da primeira mulher negra patrona do evento, Liliana Cardoso. O ato ocorreu no Salão Negrinho do Pastoreio, nas dependências do Palácio Piratini, em Porto Alegre, com a presença do governador Eduardo Leite, da secretária de Cultura, Beatriz Araújo, de coautores e demais convidados. O livro é uma construção coletiva, reunindo artigos de pesquisadores, artistas e estudiosos sobre a presença do negro na construção histórica, econômica e cultural do Estado.
Lançada pela Pragmatha Editora, a obra conta com 392 páginas e tem prefácio do músico Ernesto Fagundes e posfácio do escritor Joaquim Moncks. O Movimento Negro Raízes integra o material com os registros das dinâmicas de Cultura Negra desenvolvidas e realizadas em parceria com o CTG Trilha Serrana, de Carlos Barbosa, nos anos de 2018, 2019 e 2020, em capítulo intitulado "O enlace entre a Cultura Negra e o Tradicionalismo".
Estiveram presentes para o lançamento e recepção da obra os idealizadores e coordenadores do Movimento, Marcus Flavio Dutra Ribeiro e Solana Corrêa. Em sua fala, o governador Eduardo Leite destacou que fez questão de que o evento do lançamento da referida obra literária se desse no Palácio Piratini, para destacar e valorizar a identidade cultural que o Povo Negro historicamente proporcionou ao Rio Grande do Sul. “Este centenário Palácio Piratini tem a referência ao Negro nas pinturas de Aldo Locatelli alusivas ao ‘Negrinho do Pastoreio’, uma das lendas de Simões Lopes Neto, sobre um menino escravo. Mas a participação do Negro na história do RS vai muito mais além do que isso”, destaca o chefe do Executivo estadual. A secretária Beatriz Araújo ressaltou a importância da luta pela igualdade e pelo reconhecimento do Povo Negro no Estado.
Para a organizadora da obra literária e Patrona dos Festejos Farroupilhas 2021, Liliana Cardoso, há uma carência de registros que traduzam a participação e protagonismo do Povo e da Cultura Negra no RS, destacando a importância deste desta literatura como um reconhecimento e resgate da identidade Negra no estado. A partir do lançamento de "A Matriz da Cultura Negra no Gauchismo", e de sua própria gestão como Patrona dos Festejos Farroupilha 2021, Liliana entende que se abre um espaço propositivo para discussão em torno da temática, reunindo três pilares sociais: da Mulher, do Negro e do Tradicionalismo.
Ao fazer referência aos coautores, Liliana Cardoso destacou o pioneirismo e o significado cultural e social do Movimento Negro Raízes, ao levar a Cultura Negra de forma específica para dentro de um CTG, em uma região de predominância cultural europeia, refletindo em toda a 11ª Primeira Região Tradicionalista, que abrange a serra gaúcha, a partir do trabalho desenvolvido pelo Movimento junto ao CTG Trilha Serrana.
Em Bento Gonçalves, o Movimento Negro Raízes compôs neste ano, pela primeira vez, os Festejos Farroupilhas realizados no município, em palestra on-line realizada nas dependências da Associação Bento-Gonçalvense da Cultura Gaúcha (ABCTG) no dia 15 de setembro. Na ocasião, foi abordada a pauta "O Contexto da Cultura Negra no RS", a partir do convite da tradicionalista Iraci Dalla Valle e da Secretaria de Cultura municipal.
O livro "A Matriz da Cultura Negra no Gauchismo" está disponível para compra no site da Pragmatha Editora (www.pragmatha.com.br) em sua versão física.
Integrantes da obra literária e temas abordados:
• Prefácio: Ernesto Fagundes
• Apresentação: Liliana Cardoso
• O negro na história e na construção do gauchismo: Luiz Cláudio Knierim
• A formação da sociedade gaúcha e a participação do negro: Paulo RS Gonçalves
• A presença do negro na literatura rio-grandense – Os Contos Gauchescos: Vera Haas
• As tradições gaúchas no compasso da matriz africana do Maçambique: Iosvaldir Carvalho Bittencourt Junior
• Oliveira Silveira – O afro-gaúcho: Sátira Pereira Machado e Naiara Rodrigues Silveira Lacerda
• A boneca Abayomi – um símbolo de resistência da cultura afro-brasileira no RS: Graciele Lopes Ribeiro
• Corpo negro em movimento – A ancestralidade no contexto da dança tradicionalista: Robson Cavalheiro
• O enlace entre a cultura negra e o tradicionalismo: Movimento Negro Raízes
• Cavalgada para consciência dos Lanceiros Negros Contemporâneos – A trajetória de um trajeto: Giovanni Mesquita
• Negro Forte Laçador – Resistir é pegar um touro à unha todos os dias: Lise Ferreira
• Pioneirismo e trajetória de uma cantora negra no gauchismo: Loma Pereira
• Vozes da negritude na poesia gaúcha: José Luiz Rodrigues dos Santos
• A resistência negra no Acampamento Farroupilha: Giovanni Mesquita e Cláudio Knierim
• Prendas, cirandas e negritude – Histórias contadas, dores veladas, silêncios construídos: Tainá Severo Valenzuela
• Reminiscências de um laço eterno – Amor de irmãs, tradicionalismo e um legado: Maira Simões Rodrigues e Jianine Simões Rodrigues Pichite
• Ausência do Negro Rio-Grandense nas Bibliografias dos Concursos de Prenda: Karina da Silva
• Alguns expoentes da negritude na cultura tradicionalista e nativista: Carlos Omar Vilella Gomes
• A história do poema Quilombo do Morro Alto: Carlos Omar Villela Gomes
• Tradicionalidade ou exclusão? Aline Martins Linhares
• A matriz da cultura negra no gauchismo – Práticas pedagógicas em sala de aula: Ana Paula Homem
• Posfácio: Joaquim Moncks
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