Caxias do Sul entra para a história como a primeira cidade do interior do Estado a realizar uma cirurgia de implante coclear, antes oferecida apenas na capital gaúcha. A operação foi realizada no Hospital Saúde, pelo convênio Fátima Saúde, e envolveu uma equipe de cerca de 10 profissionais, entre eles médicos otorrinolaringologistas e neurologista e fonoaudiólogas especializadas em programação e reabilitação de implante coclear.
Em 2h30min de operação, o dispositivo médico eletrônico foi inserido em um jovem arquiteto de 30 anos, que nasceu com perda de audição severa à profunda em ambos os ouvidos. Entretanto, para a adaptação do paciente quanto ao som, o procedimento foi realizado apenas do lado direito. Mesmo com os testes sonoros já confirmados no dia do procedimento, a ativação do dispositivo que possibilitará que o caxiense volte a ouvir será realizada no dia 2 de setembro, cerca de 30 dias após a cirurgia, quando é concluído o período de cicatrização.
O médico otorrinolaringologista Dr. Gustavo Vergani, de Caxias do Sul, que coordenou a cirurgia realizada no dia 7 de agosto, explica que o implante é indicado desde recém-nascidos até idosos que não se beneficiam de aparelhos auditivos convencionais. Entretanto, ele reforça que quanto mais cedo melhor a adaptação do paciente e mais qualidade de vida ele terá. “O implante coclear capta o som, processa e estimula eletricamente o nervo auditivo, possibilitando que a pessoa volte a ouvir. Realizar uma cirurgia desta importância na região é oportunizar para que mais pacientes tenham a chance de um recomeço”, explica o otorrinolaringologista Gustavo Vergani.
Além dele, participaram da cirurgia os colegas de especialidade Dra. Mariana Letti, de Farroupilha, e Dr. Fabiano Aita, também de Caxias, o cirurgião otorrinolaringologista Dr. Felipe Félix, do Rio de Janeiro, e o neurologista Clauber Jänisch, de Porto Alegre. A equipe multidisciplinar ainda foi composta pelas fonoaudiólogas Tatiana Garbin Bueno, de Caxias do Sul, e Nayara Fernandes, de São Paulo, que realizaram os testes intraoperatórios, e da caxiense Karem Balen, que faz acompanhamento fonoaudiológico do paciente desde a infância.
Tatiana Garbin Bueno, da Audizione Neuroaudiologia, explica que, após a ativação do implante, em setembro, o paciente terá sessões de reabilitação semanais e a cada três meses realizará o acompanhamento para mapeamento do dispositivo. “Fazer a cirurgia de implante coclear é uma decisão importante para o paciente e para a sua família. Os seus benefícios não se resumem apenas a uma melhor audição. Traz de volta a socialização com amigos e parentes e melhora o desempenho do cérebro como um todo. No caso de bebês, assegura o desenvolvimento da fala, linguagem e aprendizagem”, observa a fonoaudióloga, que é especialista em audiologia com enfoque em tecnologia para reabilitação auditiva.
Dr. Gustavo Vergani complementa que em Porto Alegre a cirurgia já é oferecida desde 2013. “Acredito que um dos fatores desta espera para a Serra estava na capacitação de profissionais qualificados para todo o processo de apoio aos pais e pacientes, pré e pós-cirúrgico, que inclui o amplo serviço de avaliação e reabilitação, de materiais e de acessórios”, pontua otorrinolaringologista, valorizando os trabalhos das fonoaudiólogas.
A cirurgia de implante coclear tem cobertura obrigatória dos planos de saúde, segundo determinação da Agência Nacional de Saúde (ANS).
Mín. 17° Máx. 27°