O crime bárbaro que abalou a comunidade de Imbé teve o nome de sua autora revelado. Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues, de 26 anos, impressionou os policiais pela forma como detalhou a forma como matou o filho Miguel, de apenas 7 anos. Ela deu medicamentos para dopar o menino, colocou o corpo em uma mala e jogou no Rio Tramandaí, sem ao menos saber se ele estava morto. Yasmin foi encaminhada ao Presídio Estadual de Torres. A polícia pretende solicitar que seja realizada uma reprodução simulada dos fatos pelo Instituto-Geral de Perícias.
De acordo com o delegado de Imbé, Antônio Carlos Ractz, Yasmin não demonstrava nenhum sentimento pelo filho, mas mantinha uma falsa relação de amor com a criança em suas redes sociais. "Durante o interrogatório, ela afirmou que não nutria nenhum sentimento pelo filho. Pelo contrário, tinha um total desprezo pela criança. Pretendia entregar o filho para a mãe (a avó materna) e queria formalizar essa guarda", destacou o delegado.
Yasmin alegou em depoimento que se irritava com o menino porque ele se negava a comer o que ela dava, e que costumava pedir comida a outras pessoas. Ela considerava a criança mal-educada. A mulher revelou que o menino tinha intolerância a lactose e que não poderia comer certos alimentos e isso era motivo para a criança ser castigada. "A criança pedia comida para os estranhos e isso também era motivo para castigos. Essa criança não tinha atendimento médico, vivia sem ter contato com outras crianças. Até em decorrência da pandemia, embora matriculada numa escola, não frequentava e não tinha contato. Acredito que, se tivesse aula presencial, os professores notariam o estado dpsicológico dessa criança", analisa o delegado.
Foram apreendidos dois telefones celulares, que passarão por análise e quebra de sigilo. A polícia acredita que possa localizar elementos ali que confirmem que a criança passava por tortura física e psicológica. "Ela me narrou que, de muito tempo para cá, ela não nutria nenhum sentimento pelo filho. Era um estorvo para ela, inclusive para a relação com a companheira. O que a revoltou nos últimos dias é que a criança não comia e teria urinado e evacuado nas roupas. Causou a ira dela. O que a levou a espancar o próprio filho por vários dias seguidos", revelou o delegado.
Yasmin veio com o filho Miguel e a companheira de Porto Alegre para Imbé
Segundo o delegado Ractz, a família teria chegado ao Litoral Norte no início deste ano. Antes disso, residiam em Porto Alegre. Os três moravam atualmente em uma espécie de pousada, na Rua Sapucaia, na área central de Imbé. Na terça-feira, 27, de acordo com o delegado, gritos foram ouvidos por vizinhos – a proprietária do imóvel, que reside no local, nega que soubesse sequer que havia uma criança morando com elas. "A criança vivia sob tortura física e psicológica. Na confissão, ela narrou que castigava o filho. A prova pericial, quando localizado o corpo, deve confirmar (que a criança) estava subnutrida e que apanhou bastante da mãe. Ela tinha o hábito de deixar a criança num cômodo da casa de um metro quadrado, um poço de luz. Ficava o dia inteiro lá trancada. A família dispunha ali de um pátio enorme, mas a criança ficava presa. Também permanecia trancada no roupeiro do quarto. Encontramos na casa dois cadeados, e Yasmin disse que pretendia acorrentar o filho Miguel", detalha o delegado.
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