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Impasse no Colégio Bom Retiro: volta do noturno às aulas remotas gera reclamações

Alguns alunos querem permanecer no ensino presencial, mas direção do educandário diz que decisão leva em conta a baixa adesão e os dias de frio intenso

29/07/2021 às 15h43
Por: Marcelo Dargelio
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(Divulgação)
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Nesta semana, a manifestação de um parlamentar na Tribuna da Câmara de Bento Gonçalves levantou uma nova discussão sobre as aulas presenciais na rede pública. Ao se manifestar durante a Sessão da última segunda-feira, dia 26, o vereador José Antônio Gava (PDT) disse ter recebido uma reclamação de estudantes que afirmavam que a direção de um educandário da cidade estaria obrigando os alunos a terem somente atividades remotas.

A reportagem do NB apurou a informação – já que o edil não citou o nome da instituição – e descobriu se tratar de um impasse envolvendo o noturno do Colégio Estadual Visconde de Bom Retiro, localizado no bairro Santa Rita.  Antes da entrada no período de recesso, foi decidido pela direção que, na volta das férias, no dia 4 de agosto, os encontros para o turno da noite passariam a ser somente virtuais, mas de maneira síncrona (ao vivo), nos mesmos horários dos períodos tradicionais.

Alguns alunos, entretanto, alegam que não houve discussão a respeito da mudança, e que a alteração teria sido imposta pela direção. O aviso teria ocorrido no dia 19. "A vice-diretora entrou e deu um comunicado para nós, que eles não tinham como manter o turno da noite aberto na escola porque estavam indo pouquíssimos alunos e que era apenas gasto deixar a escola aberta para 15 alunos irem. Aí ela veio com um termo para nós, igualzinho ao que a gente assinou quando liberou para voltar. No termo, há duas opções: 'frequentarei as aulas' ou 'não frequentarei as aulas'. Agora, eles deram esse termo para que assinalássemos na opção 'não frequentarei'. Ela falou exatamente assim: 'vocês levem para casa e assinalem que não vão frequentar as aulas'", afirma uma estudante que pediu para não ser identificada.

Segundo ela, ao ver que a decisão não seria revertida, também foi feita uma tentativa de contato com a 16ª Coordenadoria Regional de Educação (16ª CRE), mas sem retorno. Diante da situação, a alternativa encontrada pela aluna foi procurar o vereador. "Nós ficamos indignados porque eles nem fizeram um novo comunicado, usaram o mesmo do ano passado e só pediram para a gente assinalar. Isso é uma falta de respeito com os alunos que estão querendo ir. Não estamos querendo nada além do nosso direito, não é justo pagar o pato por aqueles que não estão indo", completa a jovem.

Ela destaca, ainda, que uma das principais preocupações é de que as aulas remotas não ofereçam condições para a preparação dos egressos do terceiro ano às provas de vestibular e Enem. "Como vamos competir até mesmo com pessoas da nossa escola, dos outros turnos? Os demais turnos não deixarão de ter aulas presenciais, só o da noite", aponta. "De acordo com eles, é para a gente não voltar à escola no dia 4. Mas combinamos entre nós, alunos, que nós vamos estar lá, e comunicamos o diretor sobre isso", conclui a estudante.

O que diz o Colégio Bom Retiro
O diretor do Bom Retiro, Eldo Dorneles Júnior, confirma que o colégio decidiu pela suspensão temporária das aulas presenciais à noite, mas que isso deve ser revisto em breve. Conforme o gestor, além da baixa adesão, o motivo foi o período de temperaturas extremamente baixas no município. "Nós seguimos à risca todos os protocolos de prevenção, e isso inclui manter as portas e janelas abertas, sem ar-condicionado. Já são poucos os alunos que estão vindo, por causa da pandemia, e agora no inverno tem menos ainda. Acreditamos que, antes do fim de agosto, poderemos retomar as aulas presenciais, mas, neste momento, estamos pensando no todo", explica. Mesmo assim, Dorneles diz que a definição ocorreu por escolha da maioria, com apenas duas posições contrárias, e que não houve qualquer tipo de imposição por parte da escola. A aluna ouvida pelo NB, contudo, diz que o grupo incomodado com a medida é maior.

Com cerca de 125 alunos matriculados no período noturno, o diretor acredita que pelo menos 70% deles deverão acompanhar as aulas síncronas. "Hoje, temos somente cerca de 10% deles no presencial. Na sexta-feira, que foi o último dia de aula antes das férias, por exemplo, estávamos com apenas sete alunos em sala. Nossa intenção é, aos poucos, eliminar o ensino remoto o máximo possível, porque o ideal realmente é o presencial. Nos turnos da manhã e da tarde, voltaremos com uma hora a mais de presencial, serão quatro períodos, e apenas um no formato remoto. Infelizmente, no caso da noite, ainda temos que considerar essas duas questões, do número de alunos e do frio", pondera.

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