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As 13 razões para conversarmos sobre o bullyng

Um dos temas da série 13 Reasons Why, da Netflix, é a pratica do bullying no meio escolar e os danos que ele pode causar.

15/12/2018 às 21h01
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Divulgação
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Marcelo Dargelio
Marcelo Dargelio

O bullying é uma ação cada dia mais comum no meio escolar, porém, o que a grande maioria não se dá conta, é que ela pode ter consequências graves em todas as instâncias da vida da pessoa. Recentemente, a Netflix lançou uma série que trata sobre o tema: 13 Reasons Why. A grande discussão entorno da série é a pratica do bullying no meio escolar, os danos que ele pode causar e o papel da sociedade e escola no combate e conscientização do ato.

Hanna Baker é uma adolescente recém-chegada em uma pequena escola no interior, que sofre as mais variadas ações e agressões por parte dos novos colegas. Sem a ajuda e acompanhamento adequado, ela toma uma decisão extrema: o suicídio. Para alguns, pode até parecer exagero, mas o fato é que esses casos vem se tornando mais e mais comuns entre crianças e adolescentes. Na série em questão, a escola nega conhecimento dos casos de bullying e essa é uma consequência grave. Mas afinal, qual o papel da escola nesse caso? Como nós educadores podemos prevenir e conscientizar pais e alunos sobre tal ação?

Nosso papel é entender esse conceito e lutar para o combate de sua progressão no meio escolar. Como mestre e pesquisadora da Educação, é possível compreender que a escola precisa trabalhar e se desenvolver para que a tomada de consciência aconteça de modo geral, desde a equipe pedagógica, o administrativo até os discentes. Devemos sim estar sempre atentos para detectar o processo e trabalhar em prol dos alunos vitimizados pelo bullying.

Fechar os olhos para o que acontece em nosso dia a dia é um erro, devemos prestar atenção e ao menor sinal de bullying, tomar as devidas providências. Só essa mobilização pode diminuir tal sofrimento. Cabe ao núcleo escolar deixar esses alunos amparados e mais à vontade no meio. Da mesma maneira, a prevenção e tratamento devem ser multidisciplinar e incluir vários profissionais. É de extrema importância a intervenção na família e na escola, com planos que possam melhorar a vida daquela criança ou adolescente. Na grande maioria das vezes, como no caso de Hanna na série, sabemos que esses jovens não terão atendimento adequado, e, em alguns casos, nem o reconhecimento da situação.

Diante disso, a principal forma de lutar para evitar o bullying, é investir em prevenção e estimular a discussão aberta com todos os atores da cena escolar, incluindo pais e alunos. Orientar os pais para que possam ajudar, pois os mesmos devem estar sempre alertas para o problema, seja o filho vítima ou agressor, ambos precisam de ajuda e apoio psicológico. Em muitos casos é esquecida a prática de cuidar do agressor, este também pede socorro.

O bullying é um problema sério, que pode levar a graves consequências e precisa ser extinto. Em meio a era digital e a tantas mudanças sociais e culturais, nós, como pais e educadores devemos estar ainda mais atentos para o que está acontecendo. E a reversão desses casos só será possível com o apoio da escola, pais e próprios alunos.

Aumento das ligações e atendimentos no CVV

Depois da estreia da série 13 Reasons Why, produto da Netflix que trata de bullying e suicídio em uma escola americana, subiu 445% o número de e-mails com pedidos de ajuda recebidos pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). Houve alta ainda de 170% na média diária de visitantes únicos no site. Em 13 episódios, o programa retrata a dor de Hannah Baker, adolescente que sofre bullying e grava em fitas os motivos pelos quais teria dado fim à vida. 

Segundo o centro, a maioria das pessoas que está buscando atendimento nos canais do CVV nos últimos dias é jovem e se identifica com a dor da personagem principal. A organização alerta que pais e familiares devem ter um olhar atento para mudanças de comportamento de adolescentes e não hesitar em pedir ajuda profissional. Especialistas ouvidos pelo Estado apontam que adolescentes devem ter acompanhamento de adultos ao assistir a série. 

No site da entidade, que dá apoio psicológico 24 horas por e-mail, chat, skype e telefone, a média diária de 2,5 mil visitantes únicos saltou para 6.770 em abril - a série foi lançada em 31 de março. Anteontem, depois que a série foi alvo de críticas nas redes sociais, houve pico: 9.269 pessoas visitaram o site. 

Em relação aos e-mails, entre 1º e 10 de abril, o CVV registrou 1.840 mensagens, ante 635 no mesmo período de março. De uma média de 55 e-mails diários que chegam ao CVV, nos primeiros dez dias de abril esse número cresceu para mais de 300. Na semana passada, ao menos cem pessoas mencionaram a série.

Presidente do CVV e voluntário há 23 anos, Robert Paris afirma que os jovens têm buscado ajuda da entidade e citam a série por se sentirem tocados pelo conteúdo. "Então, na conversa que temos com essa pessoa, podemos trafegar livremente pelo personagem e por ela. Às vezes, dessa maneira, a pessoa fica mais à vontade para desabafar", explica.

Paris orienta que os pais devem observar mudanças e comportamento e sempre ter um diálogo aberto. "Pergunte: ‘O que está se passando com você? Posso ajudá-lo? Vamos conversar?’. Às vezes, essas perguntas são mágicas." 

Em casos de mudança radical no comportamento do jovem, a ajuda profissional é indicada. O CVV, aponta o presidente, serve de "canal para alívio das dores psíquicas dos que precisam conversar", mas não promove terapia. "Não pode ter aquele tabu de que ajuda profissional é ‘coisa para louco’, aquelas coisas que se dizem popularmente. Esta é a maior barreira à causa de prevenção do suicídio. O assunto tem de ser tratado com naturalidade. Falar é terapêutico."

Acompanhamento

A grande repercussão de 13 Reasons Why tem levado psicólogos e pedagogos a se posicionarem sobre a série, que vem sendo assistida por estudantes e também pacientes. A psicóloga e pesquisadora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Luciana Zobel Lapa, que é orientadora educacional da Escola Stance Dual, diz que a série não é adequada para adolescentes que ainda não entraram no ensino médio. Ela também recomenda que os episódios sejam assistidos com acompanhamento dos pais. "Ou, pelo menos, assista primeiro e avalie a pertinência de os filhos assistirem".

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