Representantes da comunidade e de entidades de Bento Gonçalves repudiaram e disseram NÃO ao projeto da prefeitura de reduzir os índices de investimento em Educação no município de 30% para 25%. A manifestação ocorreu durante audiência pública proposta pela Comissão de Finanças da Câmara de Vereadores na noite desta terça-feira, 8.
A prefeitura enviou quatro secretários para tentar explicar o inexplicável: por qual motivo reduzir o índice de investimento de 30% para 25% e continuar investindo mais do que isso em Educação. Foram para a audiência pública a secretária de Finanças Elisiane Schenatto, a de Educação, Adriane Zorzi, de Governo, Henrique Nuncio, e da Saúde, Tatiane Fiorio. A secretária Elisiane e um contador da prefeitura explicaram o superávit de recursos e tentaram demonstrar, insistentemente, que a alteração do índice não mudaria praticamente nada no investimento em Educação no município.
Em mais de 40 minutos, a audiência ficou parecendo que era da Saúde e não da Educação. Isso porque, a titular da pasta apresentou números da fila de espera por cirurgias, falou dos investimentos no futuro hospital público e informou que os gastos com saúde iriam triplicar quando o hospital estiver pronto. Na verdade, era uma tentativa de sensibilizar os presentes de que os recursos seriam utilizados em uma pasta tão importante quanto a da Educação. Porém, apesar das exaustivas tentativas, os secretários não tiveram sucesso.
Os vereadores José Antônio Gava (PDT), Eduardo Pompermayer (DEM), Agostinho Petroli e Idasir dos Santos (ambos do MDB) criticaram a medida e deixaram claro seu posicionamento de que esse não era o momento para o tema ser discutido. O vereador Gava lembrou que recebeu mensagens de muitos pais que, mesmo sem condições financeiras, têm que ajudar na manutenção da escola em que os filhos estudam, contribuindo com valores entre R$ 10 e R$ 20. O vereador Eduardo Pompermayer sugeriu aos secretários que, já que está sobrando tanto dinheiro na Educação, porque não é feita uma distribuição dos valores de forma igualitária entre todos os profissionais de Educação?
Comunidade usou a tribuna para manifestar indignação com o projeto
Várias pessoas da comunidade se manifestaram sobre o projeto apresentado pela prefeitura. Uma professora disse que não sabia que a prefeitura tinha tanto dinheiro guardado. Ela relatou que na sua escola, os computadores tem que ser tapados com plásticos, porque chove dentro das salas do estabelecimento de ensino. Outro professor denunciou que o aparelho sanitizante colocado em uma das escolas municipais está quebrado desde outubro do ano passado e não foi consertado até agora.
O professor Dejair Bento, da EMEI Primeiros Passos, relatou que faz parte do grupo Bento +20 e que teve várias reuniões apresentando projetos que poderiam ser feitos pela prefeitura com a secretária de Educação, Adriane Zorzi. O docente pediu aos secretários que procurem ter uma gestão mais voltada aos interesses da comunidade escolar, utilizando os recursos disponíveis com mais coerência.
O presidente do Bento +20, Milton Milan, ficou surpreso com tudo o que ouviu dos secretários. "É a primeira vez que participo de uma reunião com um ente público para dizerem que está sobrando dinheiro", disse ele. Milan ressaltou a importância do investimento em Educação e salientou que a prefeitura poderia aproveitar esse recursos para investir em cursos na área da inovação para os alunos que estivessem interessados, formar mão de obra criativa que pense no desenvolvimento da cidade para os próximos anos. "Esse recurso poderia estar sendo utilizado para formar jovens que queiram pensar fora da caixa. Em parceria com o CIC-BG estamos criando uma Incubadora da Inovação e os alunos poderiam ter bolsas custeadas pelo poder público para pensarem diferente o futuro de Bento", destacou Milan.
O advogado Adroaldo Dal Mass lembrou que a própria secretária de Finanças e o contador da prefeitura, mostraram na apresentação que a prefeitura está investindo bem mais que os 30% exigidos em Educação. "Se estão precisando de mais dinheiro para outras coisas, parem de investir 38%, 40% em Educação, invistam apenas os 30% que determina a lei e está tudo certo. Esse projeto não precisava nem ter sido apresentado na Câmara de Vereadores", destacou Dal Mass.
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