Depois da aprovação da doação de um terreno do município para o Estado, começa agora uma nova luta para que o governo gaúcho dê andamento à construção de uma central de polícia que reunirá em um único espaço, todas as delegacias de Bento Gonçalves. O lote em questão fica na rua presidente Costa e Silva, no bairro Planalto, ao lado da 16ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), e seu repasse à gestão estadual foi chancelado pela Câmara de Vereadores, sob uma condição: se, em até três anos, a obra não for executada, o imóvel volta para o patrimônio da prefeitura.
Embora haja nos bastidores uma sinalização positiva para o empreendimento, discurso que foi repetido por representantes da Polícia Civil e até por parlamentares bento-gonçalvenses, ainda não existe um projeto ou a definição de investimento e de origem dos recursos que serão aplicados. Mas, o titular da 8ª Delegacia de Polícia Regional do Interior (DPRI), Cleber dos Santos Lima, entende que é preciso tratar "cada angústia a seu tempo":
"Não poderíamos ter nenhuma definição de projeto arquitetônico ou de edificação sem sabermos, primeiro, qual é o terreno, se seria aprovado ou não. Então, esse é apenas o primeiro passo. O segundo passo, e a administração já está trabalhando nisso, é o levantamento topográfico do local para ver as melhores condições e um projeto que abrigue ali todas as delegacias de polícia de Bento Gonçalves. O primeiro passo foi dado, o mais importante, que era essa autorização dos poderes Executivo e Legislativo para o uso do terreno. Agora, a administração do Estado e da Polícia Civil irão trabalhar um projeto adequado para esse terreno, um projeto que melhor ocupe o local. Isso será definido pela parte técnica, e depois poderemos ter uma estimativa de custos e saber quem vai pagar por este projeto", destaca.
Sobre o prazo estipulado para utilização da área, o delegado acredita que será suficiente, se não para concluir, pelo menos para encaminhar a instalação da central. "Eu acredito que esse projeto de Bento Gonçalves é prioridade para a administração da Polícia Civil e para o Governo do Estado. Então, eu acho que vai haver o aporte de recursos nesse tempo. Eu não posso fazer essa previsão de obra, mas que há o interesse e a prioridade de se construir a central de polícia de Bento Gonçalves pelo governo, com certeza que sim", reforça.
Além de permitir um melhor acolhimento das pessoas que buscam os serviços da Polícia Civil, o delegado regional vê na proposta a possibilidade de garantir um ambiente de atuação mais digno para os servidores. "Este projeto vai dar à comunidade de Bento um local de melhor atendimento, estrutura física melhor, e vai dar muito mais dignidade aos policiais que trabalham em Bento Gonçalves. As delegacias de Bento, especialmente a de Pronto Atendimento, que recebe a população, estão muito aquém do esperado em termos de estrutura. Das cidades da Serra, a que tem condições mais precárias nas instalações da Polícia Civil hoje é Bento Gonçalves. Então, nessa nova central, nós teremos uma estrutura muito melhor para atender. Isso é importante, ter um ambiente de trabalho adequado para os servidores e para receber a comunidade. E, em que pese qualquer diferença de terreno, poderá ser uma central semelhante à de Caxias do Sul", avalia Lima.
A reestruturação física, contudo, não significa que automaticamente – ao menos em um primeiro momento – haverá uma ampliação do quadro. "Essa possibilidade, por enquanto, não existe, porque são coisas distintas. O aporte de pessoal depende de concurso e de formação na Academia de Polícia. Agora, nós temos uma turma de 300 policiais, todas as cidades estão pedindo gente e nosso efetivo é pequeno. Isso é assim, e vai depender de se colocar como prioridade para Bento ter um aporte maior de efetivo. Uma coisa é construir o prédio, outra é lotar o pessoal", pondera.
>>> Lote repassado ao Estado fica ao lado da 16ª CRE, na rua Presidente Costa e Silva, no bairro Planalto
Otimismo e cobrança
Presente na Câmara de Vereadores no dia da votação que assegurou a doação do terreno para o governo estadual, a delegada Deise Salton Brancher Ruschel, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), lembrou das "condições até insalubres" em que os servidores trabalham diariamente e mostrou otimismo quanto ao andamento do projeto. "O Estado já nos deu sinais de que tem todo o interesse de construir o mais rápido possível", afirma.
Ao seu lado, o presidente do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro), Adriano Marcelo De Bacco, reiterou que será mantida a cobrança para que a promessa não caia no esquecimento. "Essa construção vai fortalecer a comunidade como um todo. O presídio saiu e agora estamos aguardando pelas delegacias. Precisamos que o Estado assuma isso de vez e viabilize a construção, e que nada possa impedir. Contamos que isso se torne realidade e vamos buscar juntos", finaliza.
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