O nome até soa estranho, mas a blefarite é mais comum do que se imagina. "Estima-se que cerca de 30% da população mundial tenha a doença, considerada a alteração ocular crônica de maior prevalência no mundo", afirma o oftalmologista Emerson Morishita, do Hospital de Olhos Paulista. O problema, que causa irritação e descamações na pele, ocorre por causa da inflamação da borda das pálpebras e pode prejudicar as glândulas que ajudam na lubrificação dos olhos.
"Essa região das pálpebras é extremamente sensível e inflama principalmente em dias de tempo seco e em pessoas que possuem dermatite seborreica, olho seco e excesso de oleosidade na pele", diz o oftalmologista Jonathan Lake, do Oftalmed - Hospital da Visão, de Brasília. Os tipos mais frequentes são a blefarite seborreica e a bacteriana, mas também há a alérgica e, mais rara, a ulcerativa. Entenda a diferença e adote oito cuidados para amenizar a doença e prevenir crises ? além do tratamento indicado pelo oftalmologista.
Com um pouco de água morna, passe xampu infantil na região dos cílios e limpe delicadamente a região. "Esse tipo de cosmético é neutro, ou seja, causa menos irritação nos olhos", afirma o oftalmologista Jonathan. Mesmo assim, evite esfregar demais ou deixar o produto entrar no olho, já que isso pode provocar ressecamento.
Essa limpeza é ótima para tratar quase todos os tipos de blefarite: na seborreica, elimina a oleosidade excessiva que entope as glândulas; na bacteriana, ajuda a limpar o local e evitar acúmulo de bactérias causadoras da inflamação; na alérgica, remove os alérgenos que causam a reação alérgica, como poeira e ácaros. No caso da ulcerativa, o oftalmologista precisa avaliar a condição do paciente, pois esse tipo é mais grave e possui crostas que, quando removidas, formam feridas.
Algumas pessoas usam toalhas para amenizar a irritação e o incômodo causado pela blefarite. "Mas fazer muitas compressas de toalha quente pode estimular a produção de oleosidade na pálpebra, agravando o quadro", afirma Emerson Morishita. Além disso, a toalha de rosto não é um objeto totalmente limpo e pode aumentar o acúmulo de micro-organismos na região. Por isso, use sempre um cotonete ou um algodão.
A tensão e a ansiedade do dia a dia causam desequilíbrio de várias funções do corpo. Com as glândulas dos olhos, não é diferente. "Pode ocorrer um aumento da produção de óleo na região das pálpebras, aumentando a vermelhidão e a dermatite", afirma o oftalmologista Emerson.
Essa é a lei número um para quem quer ter olhos saudáveis por vários anos. Embora a blefarite provoque coceira, quem coça o olho leva bactérias a ele, agravando a doença. "Sem contar que, a cada coçadinha, você perde um número maior de células da córnea que nunca são repostas e pode ter problemas mais sérios nos olhos depois de um tempo", afirma Jonathan Lake. Peça ao seu oftalmologista que indique colírios ou outras formas de amenizar a coceira.
Você pode até saber que coçar o olho é um problema sério, mas dificilmente irá se lembrar disso quando estiver distraído com a correria da rotina. Por isso, ter o hábito de manter as mãos sempre limpas é uma forma de amenizar os danos causados pelos pequenos deslizes que você comete ao longo do dia ao passá-las nos olhos.
Essa dica pode ser feita durante a limpeza dos olhos com xampu infantil: faça uma leve e delicada massagem na pálpebra superior e inferior (a pele acima e abaixo do olho, próxima aos cílios). "Essa massagem leva à renovação do conteúdo das glândulas que produzem gordura para lubrificar o olho, evitando que elas fiquem entupidas ou contaminadas", afirma o oftalmologista Jonathan.
Lápis e delineador nunca devem ser passados dentro dos olhos, naquela parte próxima aos cílios, pois é exatamente ali que ficam as saídas das glândulas que produzem gordura para proteger o olho. "Isso pode irritar a região e agravar ou aumentar o risco de blefarite", afirma Jonathan Lake. Dependendo do grau da irritação causada pela doença, o médico diz que nem mesmo lápis e rímel podem ser utilizados.
"Muita gente tem blefarite bacteriana em um grau muito leve e mal percebe", afirma o oftalmologista Jonathan. O perigo da lente de contato é que ela pode agravar a doença porque deixa a bactéria dentro do olho constantemente. Por isso, o ideal é que qualquer pessoa consulte um oftalmologista antes de usar lentes. "Quem compra direto na farmácia ou em óticas sem indicação corre o risco de prejudicar a saúde do olho", comenta o médico.
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