O presidente Jair Bolsonaro ironizou na manhã desta quarta-feira (12) o trabalho CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid no Senado, que apura a condução do governo e federal e dos estados e municípios na condução da pandemia.
"Você viu o Renan Calheiros [senador pelo MDB de Alagoas e relator da comissão] essa semana? 'A CPI não existe para investigar desvio de recurso.' Vou dar sugestão para o Renan: depois fazer a CPI do leite condensado", afirmou o presidente, aos risos, a apoiadores durante tradicional conversa em frente ao Palácio do Alvorada.
Em janeiro, o presidente recebeu críticas por conta da polêmica da compra de leite condensando, item que consumiu mais de R$ 15 milhões dos órgãos do Executivo federal no ano passado, segundo reportagem do portal "Metrópoles". À época, Bolsonaro afirmou que o item atende 370 mil militares e é usado também em programas de alimentação via Ministério da Cidadania e Ministério da Educação.
A ideia original da CPI era investigar as ações e omissões do governo federal durante a crise sanitária. Por pressão do presidente e de sua base aliada, o escopo foi ampliado para apurar a aplicação dos recursos despendidos pela União aos governos regionais no combate à covid-19.
Sobre a função da CPI, em entrevistas recentes, Renan Calheiros tem dito que o objetivo dos trabalhos é, ainda, apurar a gestão do governo federal, mas caso haja necessidade, prefeitos e governadores poderão ser chamados para depor.
Nesta quarta-feira, o o ex-secretário Especial de Comunicação Social da Presidência da República Fabio Wajngarten será ouvido pelos parlamentares. Em abril deste ano, ele concedeu entrevista à revista Veja, na qual afirmou que o Ministério da Saúde teria sido o responsável pelo atraso das vacinas contra a covid-19.
Segundo a reportagem, ele guarda e-mails, registros telefônicos, cópias de minutas do contrato e ainda afirma ter um rol de testemunhas que podem comprovar suas afirmações.
Nesta terça (11), o presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, também convocado para prestar esclarecimentos, se posicionou contrariamente às declarações do presidente Jair Bolsonaro, quando ele ou pôs em dúvida as vacinas.
Nesta quinta-feira estão agendados os depoimentos do ex-chanceler Nelson Araújo e de representantes da farmacêutica Pfizer, que alega ter oferecido 70 milhões de doses de imunizantes no ano passado e o governo teria recusado a oferta.
Bolsonaro também voltou a comentar sobre a acusação de orçamento secreto para beneficiar congressistas da base aliada com emendas. "E tem mais uma também: Dos 3 bilhões do orçamento secreto. Sabiam? O Parlamento votou o orçamento, meses e eu sancionei e tem lá 3 bilhões secretamente."
Questionado por um apoiador sobre possibilidade de repatriar bens do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua família, Bolsonaro disse que o petista "continua criminoso". "Agora não está inocentado. Foi anulado o processo. Ele continua criminoso. Imprensa está com eles.
O presidente afirmou ainda que visitará Manaus (AM) na semana que vem, relembrou do passeio agendado com no próximo sábado (15) com produtores rurais em Brasília e disse que pretende participar também de um evento evangélico no mesmo dia.