Representantes da Comissão da Agricultura da Assembleia Legislativa, Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), universidades e pescadores se reúnem na próxima quinta-feira para tratar da infestação de palometas no rio Jacuí. O problema foi percebido em fevereiro deste ano e se intensificou nas últimas semanas. Os municípios de Cachoeira do Sul, Rio Pardo, Vale Verde, Bom Retiro do Sul e General Câmara já registraram a ocorrência.
Em General Câmara, os pescadores relatam que estão capturando apenas dois quilos de peixes por dia, em vez dos 30 quilos usuais. Além disso, alguns afirmam ter encontrado exemplares feridos. “A palometa está atacando o pescado já na rede, o que o torna presa fácil”, relata o prefeito de General Câmara, Helton Barreto.
Além de problemas econômicos para os pescadores, há riscos biológicos. “As palometas poderão causar um desequilíbrio no ecossistema por não terem predadores”, teme o analista ambiental do Ibama, Maurício Vieira de Souza, acrescentando que, se as condições forem favoráveis, esses animais podem chegar ao Lago Guaíba.
Em reunião ocorrida na segunda-feira com a Secretaria de Aquicultura e Pesca, foi combinado que os prefeitos da região afetada devem enviar um relatório para a equipe técnica do Ministério da Agricultura estudar um plano de ação. O grupo também solicitou auxílio financeiro para as famílias afetadas ao Ministério da Cidadania, mas ainda não recebeu retorno.
O Ibama e a Sema elaboraram um questionário online que está disponível para prefeituras e qualquer pessoa que identificou o predador repassarem informações. Nativa da bacia do rio Uruguai, ainda não se sabe como a palometa veio parar no Jacuí. No entanto, não foi a primeira espécie a fazê-lo. Peixes como a carpa e a tilápia já se estabeleceram no local da mesma forma, segundo a Sema. A suspeita é de que o deslocamento seja por meio de canais de irrigação de outros afluentes.
Palometas foram encontradas em Cachoeira do sul
A palometa é um peixe omnívoro que possui dentes afiados e triangulares e se alimenta principalmente de peixes, insetos e invertebrados aquáticos, como moluscos e crustáceos. Também são chamados de chupita, coicoa, piranha-caju e piranha-vermelha-da-amazônia. Um exemplar da temida espécie de piranha que invadiu as águas de rios da Região Central do Rio Grande do Sul – foi fisgada na manhã desta sexta-feira (30) em Cachoeira do Sul, na Praia Velha do Rio Jacuí. Os pescadores Rodrigo Rodrigues Barbosa, 32 anos, e Hélio Pinto Barbosa, 68, revisavam espinhéis na região do início da Rua Moron quando encontraram o predador no material de pesca, em meio a pintados parcialmente devorados e outras espécies nativas de peixes.
Barbosa, que desde o início de abril vem relatando prejuízos provocados por palometas à atividade pesqueira de sua família, teve nesta sexta-feira o primeiro contato direto com um exemplar da espécie invasora. “Era a nossa rotina diária, de tirar os espinhéis de manhã cedo, eu o pai, quando encontramos a piranha. Ao lado dela, havia outros peixes já comidos, provavelmente por ela mesma”, relata o pescador. O exemplar capturado por pai e filho tem aproximadamente 20 centímetros.
AS CARACTERÍSTICAS DA PALOMETA/PIRANHA VERMELHA (Serrasalmus maculatus)
Tamanho: na fase adulta fica, em média, em torno de 20 centímetros, podendo passar de 25 centímetros.
Peso: depende do tamanho, mas em geral, é de cerca de 250 gramas no adulto.
Reprodução: têm ciclo reprodutivo anual. A desova é feita em margens de corpos d’água, em águas calmas, rasas e em geral com vegetação aquática, galhos, pedras e outros abrigos. A fêmea cuida dos ovos até a eclosão. Podem viver até 20 anos, e maturam com aproximadamente dois anos.
Ambiente: nativa do RS, a espécie ocorre desde a região do prata (bacia do rio Uruguai e Paraná, com ocorrência no Uruguai, Argentina e indo até Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo, com registro até a bacia do rio São Francisco). Em outros Estados, é como pirambeba ou piranha branca.
Predador natural: na fase adulta, jacarés, ariranhas, lontras ou outros peixes também predadores, como o dourado, traíra, trairão ou elas próprias, pois há canibalismo registrado. Como é um peixe topo de cadeia alimentar, a piranha é predadora por natureza. A predação por outros peixes, no entanto, ocorre mais na fase em que é juvenil, de menor porte.
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