Clóvis Tramontina, presidente da Tramontina, uma das maiores empresas do país, está prestes a deixar o comando da empresa. A notícia parece nova, mas a sucessão vem sendo preparada desde 2020, com o início da pandemia do coronavírus e tem até data para acontecer: julho de 2022.
Clóvis Tramontina está com 66 anos e trata de uma esclerose múltipla, doença que o acompanha desde 1986. Mesmo assim, nada o impediu de conduzir a empresa por longos 29 anos, garantindo o crescimento e a expansão no mercado nacional e internacional. Desde o início da pandemia, Tramontina tem ficado recluso em sua casa em Xangri-lá, no litoral gaúcho, e vem até Carlos Barbosa apenas uma vez por mês para reuniões do conselho de administração.
Ao contrário do que muitos pensam, a decisão de deixar a presidência não foi tomada neste ano, mas sim em 2020, com a chegada da pandemia do novo coronavírus. O sucessor de Clóvis no comando da empresa será indicado pela família Scomazzon, que divide o controle da indústria fundada em 1911. Pelo acordo, a partir de 2022 cada família vai ocupar a presidência por três anos, de forma alternada. Aos 66 anos, o empresário que deu rosto à marca vai deixar o cargo em fase de crescimento nunca visto na história da Tramontina, que tem 9 mil funcionários e 10 fábricas no Brasil, além de exportar para 120 países.
Ousado, Clóvis Tramontina não tira o pé do acelerador, mesmo estando perto da aposentadoria. Para o líder máximo da empresa, as metas estão traçadas até 2022, ano em que completa 30 anos à frente da Tramontina. Ele quer entregar o comando da empresa com faturamento anual de R$ 10 bilhões. "Imagina que, em 2001, nosso sonho era faturar um R$ 1 bilhão e, hoje, nossa meta para 2021 é chegar a R$ 9,4 bilhões, 20% a mais do que no ano anterior. Mas para quem sonha, por que não imaginar que podemos chegar a R$ 10 bi?", disse o empresário em entrevista à Folha de São Paulo.
A sucessão organizada da Tramontina quer evitar uma espécie de maldição que atinge o mundo corporativo. Segundo levantamento da empresa corporativa PwC Brasil, apenas 4% das empresas familiares sobrevivem até a quarta geração. Clóvis Tramontina tem três filhos, Marcos (atual diretor administrativo), Ricardo (diretor executivo) e Elisa (sem cargo na empresa). Segundo Clóvis, tanto seus filhos, quando os filhos que integram a família Scomazzon estão preparados para garantir um futuro sólido para a empresa de Carlos Barbosa.
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