O delegado da PF (Polícia Federal) e ex-superintendente no Amazonas, Alexandre Saraiva, afirmou nesta segunda-feira (26) que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, "tornou legítima a ação de criminosos" que exploram madeira de forma ilegal na Amazônia. A afirmação se deu em depoimento à Comissão de Legislação Participativa na Câmara dos Deputados.
Saraiva foi demitido de sua função após enviar uma notícia-crime ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra o ministro. Ele foi responsável pela Operação Handroanthus, que apreendeu a maior quantidade de toras na região (mais de 220 mil metros cúbicos).
"Ele [Ricardo Salles] foi até a área, fez uma 'pseudoperícia'. De 40 mil toras, olhou duas e disse que conferiu. Que a princípio estava certinho, que as pessoas apresentaram escrituras", afirmou.
No dia 14 de abril, o delegado enviou ao STF um pedido de investigações contra o ministro Ricardo Salles. No dia seguinte (15), a direção da Polícia Federal decidiu substituí-lo como Superintendente Regional do Amazonas. Sua demissão foi publicada no Diário Oficial da União no dia 20.
Salles, segundo Alexandre Saraiva, deveria ser investigado por sua reação à operação que resultou numa apreensão histórica de madeira ilegal de aproximadamente duzentos mil metros cúbicos. A notícia-crime apontar três possíveis delitos: dificultar a ação fiscalizadora do poder público no meio ambiente, exercer advocacia administrativa e integrar organização criminosa.
O convite para o delegado prestar informações foi objeto de requerimento nas duas comissões. Na Comissão de Direitos Humanos e Minorias, foi proposto pelos deputados Helder Salomão (PT-ES) e Paulo Teixeira (PT-SP) e subscrito pela deputada Vivi Reis (PSOL-PA). Na Comissão de Legislação Participativa, foi apresentado pelos parlamentares Joseildo Ramos (PT-BA) e Paulo Teixeira (PT-SP), com o apoio de João Daniel (PT-SE).