Antecipando, mais uma vez, a campanha de 2022, o presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o ex-chefe do Executivo nacional, Luiz Inácio Lula da Silva, que teve recentemente seus direitos políticos restabelecidos após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal).
"Foi 8 a 3 o placar. Um povo que vota em um cara desse, é um povo que merece sofrer. Igual no ano passado, quando prefeituras decretaram o lockdown e reelegeram o cara. Querem o quê? Olha [o exemplo] BH [Belo Horizonte]", criticou o presidente.
Na semana passada, STF declarou a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba e anulou as condenações do ex-presidente Lula na operação Lava Jato. Isso não livra o ex-presidente dos processos, que serão analisados pela primeira instância do Distrito Federal, mas na prática, permite que ele participe das próximas eleições. Os três votos contra a decisão foram do presidente do tribunal, Luiz Fux, e dos ministros Marco Aurélio Mello e Nunes Marques, este último indicado por ele no ano passado para a vaga do decano Celso de Mello, que se aposentou.
Bolsonaro voltou a descartar candidatutura pelo Aliança pelo Brasil, partido que tenta viabilizar, mas devido ao calendário apertado e a necessidade de 492 mil assinaturas segundo as regras do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), dificilmente sairá do papel.
"Muito pequena a chance [de candidatar-se pela nova legenda]. Já estou atrasado, já. Tenho um outro partido. Espero que esse mês resolva. Eu tenho esperança que em 2022, com voto auditável, a gente consiga realmente mudar o Brasil", afirmou. "Quem se eleger indica dois para o Supremo no primeiro trimestre de 2023. Então, se for um cara da minha linha, vão haver quatro, né...", completou.
No meio do ano, Bolsonaro terá de indicar o segundo ministro do STF na sua gestão, já que o decano da corte, ministro Marco Aurélio Mello, irá se retirar no dia 5 de julho, uma semana antes de completar 75 anos, quando sua aposentadoria se torna compulsória pela legislação atual.
Sobre os desafios pela frente até o pleito, Bolsonaro voltou a reclamar das medidas restritivas impostas por prefeitos e governadores e da imprensa. "Muita gente vê o problema imediato. Para eu resolver, só se eu impusesse uma ditadura. Não tem cabimento. Não tem ditadura boa", disse, adotando um tom mais moderado do que a fala do último dia 14 de abril.
Naquele dia, também em conversa com apoiadores em frente ao Alvorada, Bolsonaro afirmou que o "Brasil está no limite". "O pessoal fala que eu tenho que tomar providência. Estou aguardando o povo dar uma sinalização. Porque a fome, a miséria e o desemprego estão aí. Só não vê quem não quer", disparou.