Em 2012, a Honda inaugurou um novo segmento no mercado brasileiro de motocicletas, a categoria crossover, com a Honda NC 700X. Trata-se de um feliz cruzamento de uma moto com características urbanas a outra com características off-road, com a missão de ser uma fiel companheira no uso diário – especialmente pelas más condições de nossa pavimentação – e também encarar uma estrada de vez em quando. Entretanto, faltava uma injeção de ânimo ao modelo, que nunca emplacou de verdade. A resposta da Honda veio com a nova NC 750X. O modelo chegou ao mercado brasileiro na segunda quinzena de fevereiro um pouco mais, digamos, vitaminada, para substituir a antecessora NC 700X. São oferecidas duas versões, a standard e a equipada com freios ABS.
Os europeus já rodam com ela há algum tempo e, no Velho Continente, a japonesa versátil agradou. Segundo Alfredo Guedes, engenheiro e supervisor de relações públicas da Honda, baixo consumo e melhor desempenho nortearam o desenvolvimento da NC 750X. Felizmente, as características que ela já tinha a seu favor, como conforto e estabilidade excepcionais, foram mantidos. Ela não deixou sua racionalidade de lado, pelo contrário, mas o que a Honda fez foi adicionar uma pitadinha de emoção à receita.
Entre as principais novidades, está o inédito motor de 745 cm³, mas antes de falar dele, vale explicar que este modelo tem lá suas peculiaridades. Uma delas, que inclusive justifica a boa estabilidade da moto, é que o tanque não fica na posição convencional e sim sob o assento, melhorando o centro de massas. Sem o tanque de combustível na posição original, a Honda aproveitou o espaço para um guarda-volumes, onde cabe um capacete tamanho 60 fechado, por exemplo.
Coração renovado
A grande novidade da NC 750X, que é produzida em Manaus (AM), está no motor SOHC, um bicilíndrico em linha arrefecido a líquido. A maior capacidade cúbica - agora são 745 cm³ - renderam um novo ânimo ao propulsor, que segundo a Honda ganhou 4% a mais de potência e 8% a mais de torque. São 54,8 cv entregues a 6.250 rpm e 6,94 kgfm a 4.750 giros. Internamente, o motor da NC 750X ganhou novos balanceiros, duplos nesta nova versão, o que se traduz em menor vibração enquanto a faixa de corte foi ampliada eletronicamente em mais 400 rpm, ou seja, o motor também ficou mais elástico.
Testamos o modelo com escolta policial exclusivamente em perímetro urbano. Foi apenas um primeiro contato, no qual pudemos andar primeiramente com a NC 700X e depois compará-la com o lançamento. Foi perceptível a alteração na faixa de corte, agora mais longa. A NC 750X não fica pedindo trocas de marcha o tempo todo, como sua antecessora. O motor trabalha liso e de maneira equilibrada, o que passa muita confiança ao piloto.
Destaque também para o novo sistema de escapamento, mais eficiente. Quanto ao consumo, segundo dados da Honda, abastecida com gasolina comum a 750X faz 30,52 km/l em circuito urbano, ante os 27,30 km/l da NC 700X. Embora esteja mais econômica, ela ainda ficou mais rápida, com velocidade final de 174,70 km/h – sua antecessora chegava aos 167,61 km/h, conforme medições do instituto Mauá.
Traje aventureiro, alma urbana
Um test ride na "selva de pedra" tem lá suas vantagens, pois além de sentir o comportamento da suspensão na buraqueira, testamos também a agilidade da moto entre os carros. Nos dois quesitos ela se saiu muito bem. A suspensão dianteira é do tipo garfo telescópico, com 153,5 mm, enquanto a traseira Pró-link tem curso de 150 mm e permite ajustes na pré-carga da mola. Mesmo com o porte avantajado e distância entre eixos de 1.538 mm, ela mostrou-se muito ágil no trânsito, além de facílima de pilotar (característica herdada da família Honda).
Os novos pneus Pirelli com medidas 120/70 ZR17M/C (dianteira) e 120/60 ZR17M/C (traseira), também ajudaram neste quesito. As rodas são de liga leve e aro 17. Por uma diferença pequena de preço, vale investir no modelo equipado com freios ABS, que oferece maior segurança. A Honda está apostando na versão, tanto que 80% da produção da NC 750X será com ABS, que possui disco de 320 mm na dianteira e cáliper de dois pistões e disco de 240 mm e cáliper de único pistão na traseira. O peso da moto é de 205 kg para a versão standard e 209 Kg para a versão com ABS.
Detalhes que fazem diferença
A cobertura do banco ganhou uma nova textura, menos escorregadia, e sua altura - 831 mm - é boa para pessoas de média estatura. Os dois níveis do assento se justificam pelo acesso ao bocal do tanque. Uma dica para quem gosta de longas viagens é evitar amarrar bagagem sobre o assento do passageiro neste modelo. Na hora de abastecer você irá entender... O posicionamento na moto é muito bom, a coluna vai ereta e as pedaleiras estão em posicionamento correto. Vale destacar os novos manetes também, mais confortáveis.
Quanto ao visual, não houve mudanças muito relevantes, a não ser a pintura mais escurecida do motor na cor grafite. Um item que merece destaque é o painel de instrumentos em LCD, que agora está mais completo com visualizador de marchas e computador de bordo que fornece informações sobre o consumo médio, instantâneo e combustível utilizado em litros. A cor vermelha saiu de cena e agora o modelo está disponível nas cores branca perolizada e preta.
Caminhos da razão
A NC 750X é uma NC 700X lapidada. A Honda manteve o que era bom e melhorou o que deixava a desejar adicionando um pouquinho mais de potência ao motor. Ela não vibra quase nada, não esquenta, tem uma ciclística invejável, é econômica e muito confortável. Além disso, tem preço competitivo e o respaldo da marca japonesa por trás. Preciso falar mais? A Honda espera vender cerca de 2 mil unidades ao ano, planos pouco ambiciosos mas que estão na medida para uma montadora que domina o mercado em diversas faixas de cilindrada. Se uma CB 500X (sua irmã menor) for pouco, a NC 750X cairá como uma luva para quem precisa busca compra racional (mas nem tanto assim, vai) e precisa de uma companheira para a rotina de aventuras na cidade.
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