Os trabalhadores rurais de Bento Gonçalves realizaram na manhã deste sábado, 13, uma manifestação na área central da cidade. Eles protestaram de maneira pacífica contra a medida liminar conseguida pela prefeitura suspendendo a realização da Feira Livre. Consumidores também apoiaram o protesto. Tanto o poder público municipal, quanto o sindicato estão em um embate ferrenho por causa da feira, trocando liminares judiciais para a abertura ou suspensão das atividades.
Os agricultores se dirigiram até a Rua Barão do Rio Branco, no Centro, por volta das 5h, e foram recepcionados pela Guarda Civil Municipal (GCM). Houve um princípio de desentendimento, porém, logo em seguida, os promotores informaram que iriam deixar seus veículos estacionados e não realizariam a venda dos produtos no local. Cerca de 50 pessoas participaram da manifestação, que ganhou coro de alguns consumidores ao longo das primeiras horas da manhã.
A reportagem do NB esteve no local fazendo transmissão ao vivo e ouviu o relato dos produtores rurais, que reclamaram da falta de bom senso do poder público municipal na lida com a questão. "A prefeitura poderia muito bem cuidar da fiscalização e circulação de pessoas na feira e não vir aqui e acabar com o nosso trabalho", disse um dos produtores. "Sabemos que a situação de saúde é delicada, mas aqui nós seguimos todos os cuidados. Não podemos colocar um guarda para ficar vigiando as pessoas na rua. A prefeitura tinha condições de sobra para fazer", destacou outro agricultor.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), faltou diálogo por parte da prefeitura desde o início. Ele revela que quando o prefeito Diogo Segabinazzi Siqueira decretou pela primeira vez a suspensão da feira, procurou o prefeito e o secretário municipal de Agricultura, Volnei Christófoli e ouviu que nada podia ser feito em relação à medida. "Como o poder público não nos deu outra alternativa, tivemos que buscar nosso direito de trabalhar na justiça. Poderia ser tudo tão mais fácil se tivéssemos conversado. Nós só queremos vender nosso produto para a comunidade", destacou o presidente.
Pelo lado da prefeitura, a justificativa para o decreto de suspensão da feira se deve a um pedido feito pelo Ministério Público. O secretário-adjunto de Desenvolvimento da Agricultura, Antonio Somensi, esteve no local da feira na manhã deste sábado, 13, e conversou com a reportagem do NB. Segundo ele, a situação de colapso no sistema de saúde pede que as pessoas evitem aglomerações e a feira estava sendo um ponto de constante aglomeração na manhã dos sábados. O secretário lembra que a prefeitura não é contra os produtores, mas segue regras e orientações, assim como os demais poderes e, por isso, não poderia ir contra a uma posição tomada pelo Ministério Público, que solicitou a suspensão das atividades na Feira Livre.
Doação dos alimentos a entidades e na UPA 24 Horas
Os agricultores decidiram por unanimidade promoverem uma carreata pelas principais ruas da área central da cidade e encerrarem o protesto fazendo uma boa ação. Parte dos alimentos que seriam vendidos na feira foram levados para a doação em lares de idosos e entidades assistenciais de Bento Gonçalves e Garibaldi. Alguns também foram em alguns bairros periféricos levar alimentos para famílias carentes. Um dos locais beneficiados foi o Lar Para Idosos Luchese, no bairro Progresso. No local os produtores rurais deixaram várias caixas de alimentos, que vão reforçar a alimentação dos velhinhos por algumas semanas.
Os agricultores também lembraram de quem está na linha de frente na luta contra a Covid-19. Eles deixaram caixas com frutas para serem distribuídas aos funcionários da Unidade de Pronto Atendimento 24 Horas (UPA). "Queremos mostrar com essas ações que não estamos aqui para brigar, mas sim para somar e mostrar o quanto o trabalho do agricultor é importante para que a vida seja mantida", finalizou Cedenir Postal.
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