A Embrapa Uva e Vinho perdeu nesta terça-feira, 2 de março, um de seus pesquisadores pioneiros. Morreu em Porto Alegre, aos 79 anos, o agrônomo Alberto Miele. Ele era considerado um dos principais nomes da pesquisa na área da vitivinicultura brasileira. O sepultamento ocorre nesta quarta-feira, 3 de março.
Nesta terça-feira, 2, Miele não resistiu a complicações sofridas após a uma cirurgia a que foi submetido e veio a falecer. Ele era natural de Bento Gonçalves e iria completar 80 anos no dia oito de julho. O agrônomo deixa a esposa Divete, os filhos Eduardo, Marcelo e Luciana, Noras Mariana e Patrícia, genro André, e os netos Davi, Caio e Rodrigo.
Alberto Miele é considerado um pesquisador fora de série na área da vitivinicultura. Foram mais de 50 anos de excelentes serviços prestados ao setor. Formou-se agrônomo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1965), cursou mestrado em Fisiologia Vegetal pela University of California at Davis (1977) e doutorado em Viticultura e Enologia pela Université de Bordeaux II, na França (1986). Era sócio de instituições científicas como a American Society for Enology and Viticulture, International Society for Horticultural Science, Sociedade Brasileira de Fruticultura, Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Sociedade Brasileira de Fisiologia Vegetal e da Associação Brasileira de Enologia).
A trajetória do agrônomo Alberto Miele se confunde com a própria história da Embrapa Uva e Vinho. Ele foi um dos primeiros pesquisadores, atuando desde a implantação da Unidade em Bento Gonçalves, no ano de 1975. Ao longo desses quase 46 anos, dedicou-se a pesquisar a uva e seus derivados, como vinho, espumantes e suco de uva, especialmente nas áreas de Ciência e Tecnologia de Alimentos - composição físico-química e análise sensorial - e Fisiologia de Produção da videira.
Não apenas as suas pesquisas foram fundamentais para o desenvolvimento do setor vitivinícola brasileiro e da Embrapa, mas a sua atuação na orientação de novos pesquisadores foi marcante, tendo sido orientador de diversos profissionais que posteriormente vieram a se tornar seus colegas de pesquisa na Embrapa Uva e Vinho.
Como outro legado, podemos citar sua vasta lista de publicações técnicas, com mais de 80 artigos científicos publicados em periódicos nacionais e internacionais, todos tentando desvendar a composição dos vinhos e suco. Em parceria com o empresário Adriano Miolo, do Miolo Wine Group, lançou em 2003 o livro “ O sabor do Vinho”, uma obra ilustrada, que ao longo das mais de cem páginas aborda desde a história do vinho até a harmonização da bebida.
Ele também foi editor-chefe da Revista Brasileira de Viticultura e Enologia e prestou importante serviço como assessor de diversas revistas científicas, como Ciência e Tecnologia de Alimentos; Revista Brasileira de Fruticultura; Ciência Rural; Scientia Agricola; Ciência e Agrotecnologia; Revista Brasileira de Agrociência; Brazilian Journal of Microbiology; Pesquisa Agropecuária Científica. Também colaborava com outras instituições, como a Editora Universidade Federal do Paraná e a Associação Dr. Bartholomeu Tacchini.
Foi idealizador e fundador da Confraria Cavaleiros do Vinho da Serra Gaúcha e membro do Grupo de Degustação do Conselho Regulador da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale) e do Congresso Brasileiro de Viticultura e Enologia. Em 2015, recebeu o Troféu Vitis - Destaque Enológico, da Associação Brasileira de Enologia, em reconhecimento ao seu trabalho em prol da vitivinicultura Nacional.
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