O Ministério Público do Rio Grande do Sul instaurou nesta segunda-feira, 22 de fevereiro, Inquérito Civil Público para investigar o deputado estadual Ruy Santiago Irigaray Júnior. No despacho, o promotor de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Porto Alegre, Cláudio Ari Pinheiro de Mello, observa que o objetivo é apurar o “cometimento de ato de improbidade administrativa na modalidade de enriquecimento ilícito”, conforme consta no artigo 9º, incisos IV e IX, da Lei n. 8.429/92.
O promotor irá investigar se o deputado, entre 2019 e 2021, utilizou assessores ocupantes de cargos em comissão nos seus gabinetes na Assembleia Legislativa do Estado e na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico em serviços particulares de interesse pessoal seu ou de sua família e se apropriou de parte dos salários deles. As declarações ao Ministério Público foram feitas por Cristina Nebas, ex-servidora, e uma assessora, que não quis se identificar. O caso está sendo apurado sob sigilo.
Uma série de vídeos, fotos e mensagens de WhatsApp mostram, ainda, que uma das mulheres trabalhou como babá e até empregada doméstica da família do parlamentar, enquanto deveria estar a serviço do gabinete. Uma residência de 400m², avaliada em R$ 2 milhões, no Bairro Ipanema, na Capital, tem sido utilizada, desde abril do ano passado, como uma espécie de escritório do deputado. Em vez de trabalhar de suas casas, como orientou o parlamento, os servidores comissionados foram remanejados para o imóvel.
Conforme o relato da ex-assessora Cristina Nebas, a casa chegou a abrigar 15 servidores de Ruy Irigaray, que se dividiam entre realizar as tarefas do gabinete e executar uma série de serviços no imóvel, como troca de piso, reformas de banheiros e pinturas, como mostram os vídeos de celular gravados por Cristina.
Além das postagens falsas, Cristina também afirma que no gabinete de Ruy Irigaray há um esquema de rachadinhas. Ela disse que não aceitou participar dos repasses, mas que outros colegas se submeteram à prática. Sem saber que era gravada pela ex-servidora, um dos assessores afirma a ela que entrega ao deputado R$ 2 mil, de um total de R$ 6 mil que recebe no contracheque. E cita outro colega que também faria parte da caixinha. Segundo ele, para não levantar suspeitas, os saques da conta eram feitos aos poucos.
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