Uma notícia no mínimo preocupante foi trazida por um levantamento realizado pelo Centro da Indústria Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG). Quase meta dos pacientes infectados pela Covid-19, que precisaram de UTI, vieram a falecer. Os dados do levantamento englobam casos ocorridos entre março e dezembro do ano passado.
O acompanhamento do número de casos de covid-19 na Serra Gaúcha realizado pelo (CIC-BG) foi apresentado à Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne). Segundo o levantamento, apresentado pela representante do CIC-BG no Observatório Regional de Saúde, Marijane Paese, a espera em buscar o atendimento logo quando aparecem os primeiros sintomas está relacionada com o aumento no número de mortes. As estatísticas são consideradas imprescindíveis para definir as estratégias de combate à doença nos 49 municípios da região.
Durante os primeiros nove meses da pandemia, entre março e dezembro do ano passado, 47% dos pacientes que necessitaram de atendimento em UTIs faleceram nos 49 municípios abrangidos pelo estudo. Uma realidade bem distinta daqueles que só precisaram de internação em leitos clínicos, onde apenas 9% das pessoas vieram a óbito.
Para Marijane, os dados mostram a importância dos infectados estarem alerta aos primeiros sintomas da doença – tosse, dor de garganta, diarreia e mal-estar –, a fim de evitar o agravamento do quadro. "Constatamos que 95% das pessoas que necessitaram de atendimento hospitalar apresentavam febre, falta de ar e saturação de oxigênio menor que 95, ou seja, deixaram seu estado clínico piorar. Na medida que esses sintomas foram somados, o percentual de óbitos aumenta gradativamente", comenta Marijane, mestre em estatística e também vice-presidente do CIC-BG para assuntos do Comércio.
As pessoas com 60 anos ou mais lideraram as internações hospitalares entre julho e dezembro, sempre com um índice superior a 53% do total. Já nos primeiros meses da pandemia, entre março e junho, essa posição coube ao público com menos de 60 anos, com 51,45% do total. O estudo também mostrou como as comorbidades estão relacionadas ao agravamento dos casos. Do total dos pacientes que precisaram de internação hospitalar, 68% apresentavam cardiopatias, diabetes e obesidade, entre outras comorbidades. Desses, 24% faleceram. Entre os 32% internados sem comorbidades, apenas 5,6% morreram. "É preciso adotar estratégias diferenciadas para grupo de risco com mais de 60 anos com comorbidades", diz Marijane.
A principal recomendação para evitar o contágio com a covid-19 segue sendo as recomendações da Organização Mundial da Saúde, com o uso da máscara, a higienização das mãos com álcool em gel e o distanciamento social.
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