A interrupção no abastecimento de água em meio ao calor extremo dos últimos dias causou indignação em moradores de vários pontos de Bento Gonçalves, a exemplo do que houve na semana passada na região norte da cidade, abrangendo o bairro São Roque e o seu entorno e se estendendo até comunidades do interior, no distrito de Tuiuty. A origem do problema, segundo a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), está no fato de que a captação no Barracão – que normalmente ficava em um patamar de 20% a 25% do total – havia praticamente zerado.
Com a perda de um quarto da capacidade por três dias, a rede não deu conta de abranger toda a cidade. O reservatório do São Roque, por exemplo, foi um dos mais atingidos, justamente pela distância que se encontra da Estação de Tratamento de Água (ETA), no bairro Planalto.
Em números, naquele momento, a produção total de água tratada no município caiu de 420 para 320 litros por segundo. "Como em alguns locais o sistema secou, a situação ficou um pouco mais complicada de se recuperar. Em alguns lugares, a água voltou com pouca pressão, em outros demorou mais a chegar, porque a distribuição ocorre principalmente por gravidade", explica o gerente da unidade local da Corsan, Marciano Dal Pizzol.
Embora, de acordo com a empresa, a situação já esteja normalizada, esse é um problema que pode voltar a se repetir, já que o sistema em Bento tem operado praticamente no limite. A saída para garantir um pouco mais de fôlego no abastecimento de água, conforme Dal Pizzol, está em dois projetos que a Corsan já tem no papel, com a estimativa de que sejam executados neste ano. Para garantir a melhoria, contudo, os trabalhos deverão ocorrer de forma paralela.
A medida que exigiria mais tempo e investimento seria a ampliação da rede que sai da Barragem São Miguel e que, também por gravidade, leva cerca de 75% da água consumida em Bento até o Burati, junto à divisa com Pinto Bandeira, para depois ser impulsionada por dois conjuntos de bombas ao Barracão. Com esse aumento, o sistema deixaria de depender da captação no Barracão, mas poderia mantê-la como uma importante reserva em casos de necessidade.
A outra ação seria na própria ETA, para fazer com que ela pudesse chegar ao nível de tratamento de até 520 litros por minuto. "Parece pouca coisa, mas isso já nos ajudaria a não ter que enfrentar situações como essa que passamos, pois poderíamos armazenar mais água tratada. Bento é uma cidade em que o sistema está funcionando bem, mas hoje ele não pode dar problema", pondera o gerente.
A instalação de pelo menos dois reservatórios de 100 mil litros em Tuiuty, de forma a atender as diversas localidades que integram o distrito, também está no planejamento da Corsan para 2021. "Já seria um desafogo para o São Roque, pois conseguiríamos organizar melhor essa setorização do consumo", conclui Dal Pizzol.
Na tarde desta segunda-feira, dia 11, mesmo com a captação um pouco mais baixa do que o normal no Barracão, a Corsan garante que o volume de produção está dentro da normalidade.
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