Morreu, na manhã deste domingo, 20, vítima de covid-19, a atriz Nicette Bruno. Ela estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Casa de Saúde São José, no Humaitá, zona sul do Rio de Janeiro, desde o dia 26 de novembro, após testar positivo para coronavírus. De acordo com o boletim médico divulgado neste sábado, 19, o estado de saúde de Nicette “era considerado muito grave”. Ela estava sedada e dependente de ventilação mecânica.
"A Casa de Saúde São José informa que a atriz Nicette Bruno, que estava internada no hospital desde 26 de novembro de 2020, faleceu hoje, às 11h40, devido a complicações decorrentes da Covid-19. O hospital se solidariza com a família neste momento", afirmou a instituição em nota.
Longa Carreira
Nascida no dia 7 de janeiro de 1933, em Niterói (RJ), Nicette Xavier Miessa iniciou a carreira artística aos quatro anos, em um programa infantil da Rádio Guanabara. Dois anos depois, com o nome artístico Nicette Bruno, já participava das transmissões radiofônicas tocando piano, além de cantar e declamar poesias. Aos nove, ingressou no grupo de teatro da Associação Cristã de Moços, quando teve seu primeiro contato com as artes cênicas.
Com 14 anos, já atuava profissionalmente pela Companhia Dulcina-Odilon, da atriz Dulcina de Morais. Em seu primeiro espetáculo pelo grupo, A Filha de Iório, a atuação como Ornela rendeu a Nicette medalha de ouro de atriz revelação pela Associação Brasileira de Críticos Teatrais. Foi no teatro, aos 19 anos, que conheceu seu marido, Paulo Goulart. Um ano depois, os dois fundaram uma companhia teatral, onde trabalharam juntos com nomes como Tônia Carrero, Rubens de Falco e Walmor Chagas. No mesmo período, Nicette já começava seus primeiros trabalhos para a televisão, fazendo participações em teleteatros na TV Tupi. A primeira novela da atriz foi Os Fantoches (1967), de Ivani Ribeiro, na TV Excelsior.
Na década de 1970, Nicette se destacou na fase final da TV Tupi, ao integrar o elenco de folhetins como Meu Pé de Laranja Lima (1970), de Ivani Ribeiro; Éramos Seis (1977), de Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho; e a inacabada Como Salvar Meu Casamento (1979), de Edy Lima, Ney Marcondes e Carlos Lombardi, a última produzida pela emissora.
Depois, em 1981, foi convidada oficialmente para integrar o elenco da Globo. Sua estreia na emissora foi em um papel especial no seriado Obrigado, Doutor (1981) e sua primeira novela foi Sétimo Sentido (1982), de Janete Clair, na qual interpretou Sara Mendes, mãe da paranormal Luana Camará (Regina Duarte).
Na década de 1980, Nicette integrou o elenco de novelas de grande sucesso da Globo, como o remake de Selva de Preta (1986) e Bebê a Bordo (1988), e as minisséries Meu Destino é Pecar (1984) e Tendas dos Milagres (1985). Na década seguinte, seus papéis de destaque foram em Rainha da Sucata (1990), Perigosas Peruas (1992), e no remake de Mulheres de Areia (1993), de Ivani Ribeiro, em que viveu a fútil Julieta Sampaio. A atuação nesta releitura lhe rendeu boas histórias.
Mais afastada dos holofotes, a atriz, que interpretou a protagonista Lola na versão de 1977 de Éramos Seis, ganhou uma homenagem na nova adaptação da trama, na Globo. Na reta final da novela, exibida em março de 2020, ela viveu a madre Joana, uma freira de um asilo em São Paulo. No local, ela encontra Lola, vivida por Gloria Pires neste remake.
Ao longo da carreira, Nicette também participou de mais de 10 filmes e escreveu um livro com o marido em 2010. A obra Grandes Pratos e Pequenas Histórias de Amor traz receitas que o casal criou ou simplesmente testou em seus almoços de domingo, ao lado da família e dos amigos. O relacionamento com Goulart oficializado em fevereiro de 1954 e, dele, nasceram três filhos: os atores Paulo Goulart Filho, Bárbara Bruno e Beth Goulart. Paulo faleceu em março de 2014, prestes a completar 60 anos de casado, em decorrência de um câncer.
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