A alta demanda por vinhos durante a pandemia evidenciou um problema enfrentado pelo setor vitivinícola no Rio Grande do Sul: a falta de garrafas de vidro dentro do mercado nacional, que está comprometendo as vendas de vinhos, sucos de uva e espumantes. Para tentar resolver esse problema, a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) está procurando investimentos externos para trazer ao Estado uma fábrica de garrafas. Cidades da Serra Gaúcha estão sendo oferecidas para sediar a nova indústria já em 2021.
Vivendo um de seus melhores momentos na história do país, o setor vitivinícola brasileiro esbarra num problema que não é novidade, mas que diante do aumento do consumo de vinhos durante a pandemia se agravou, comprometendo as vendas e, com isso, prejudicando tanto a indústria quanto o consumidor de vinhos. A falta de garrafas de vidro está impedindo que grande parte das vinícolas cumpram suas entregas e até mesmo consigam envasar vinhos, espumantes e suco de uva que estão prontos para ir ao mercado. Cumprindo seu papel de defender os interesses de seus associados, a Uvibra vem atuando fortemente na busca de investidores com a intenção de trazer para o Rio Grande do Sul, onde se concentra 90% da produção nacional, uma nova fábrica de vasilhames.
A primeira reunião, fruto deste trabalho, ocorreu no início deste mês com um grupo de empresas que têm interesse no investimento na Serra Gaúcha, diante da existência de dutos de gás na região e da facilidade logística por estar junto ao maior polo de produção vitivinícola do Brasil. Agora, a Uvibra vai trabalhar para levantar dados precisos sobre demanda, por exemplo, para dar andamento às tratativas. Da Uvibra, participaram do encontro via plataforma Zoom, o presidente Deunir Argenta, além de Danilo Cavagni e Hermínio Ficagna. Representando as empresas, Edson Rossi, da Vidroporto, e Renato Massara, da Wheaton, ambas de São Paulo, e Mauro Martini, da gaúcha Lavras Mineral.
Paralelo a isso, a Uvibra também conta com o apoio do Governo do Estado, que designou o Secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Covatti Filho, para ajudar na viabilização de parceiros. A interlocução entre a Uvibra e a secretaria está sendo feita pelo bento-gonçalvense Davi Da Rold. O resultado já se confirma em uma reunião que está agendada para a próxima semana com um fundo de investimentos americano. “O problema é sério. Mesmo quando o setor estava estagnado já faltavam garrafas. Chegou 2020, um ano adverso. No início, a pandemia trouxe a insegurança do que estava por vir. Tivemos a ‘Safra das Safras’ e depois, favorecidos por diversos fatores, vimos o consumo dos vinhos nacionais despontar. E mesmo sabendo que este problema continuará, já fomos informados de que 2021 inicia com aumento no preço dos vasilhames, além de saber que a demanda continuará não sendo 100% atendida. Ou seja, dinheiro não resolve o problema”, lamenta Argenta.
O presidente da Uvibra lembra que a prioridade dos fornecedores é o setor cervejeiro, onde estão concentrados os grandes volumes de venda. Enquanto isso, as vinícolas brasileiras se obrigam a importar garrafas da Argentina e do Chile, aumentando o custo final do produto em razão da alta do dólar, do frete em razão do distanciamento, além da demora na entrega.
Mesmo o assunto avançando e tendo definições rápidas e satisfatórias, tanto burocráticas quanto operacionais, uma nova fábrica de garrafas de vidro levaria cerca de 2 anos para ser construída e entrar em operação.
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