A investigação da Operação Egypto, realizada pela Polícia Federal, que apura um esquema de lavagem de dinheiro realizada pela empresa Indeal, em Novo Hamburgo, impôs mais uma derrota aos 15 investigados ligados à empresa. O Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou nesta sexta-feira, 6 de novembro, que conseguiu o bloqueio de criptoativos (moedas virtuais) avaliados em mais de R$ 130 milhões (US$ 24 milhões) que estavam em uma empresa provedora de serviços de ativos virtuais, a Exchange, sediada nos Estados Unidos. O esquema da Indeal, que prometia o pagamento de juros bem acima do mercado nacional, pode ter lesado mais de 23 mil pessoas em todo o Brasil.
Segundo o ministério, o bloqueio foi solicitado com base em elementos obtidos pela Polícia Federal no Rio Grande do Sul, na Operação Egypto, deflagrada em maio de 2019 para apurar a atuação da empresa Indeal com sede no município gaúcho de Novo Hamburgo. De acordo com a investigação, a empresa, que prometia aos clientes retorno de 15% no primeiro mês de aplicação, estaria captando recursos de terceiros sem a autorização dos órgãos competentes. O dinheiro dos clientes era investido no mercado de criptoativos.
O mandado cumprido pelo FBI que resultou no bloqueio dos US$ 24 milhões em moedas virtuais nos Estados Unidos foi expedido pela 7ª Vara Federal de Porto Alegre, junto com diversos outros da investigação, quando a Operação Egypto foi deflagrada, em 21 de maio de 2019. Em consulta no site do Tribunal do Distrito de Columbia (United States District Court for the District of Columbia), consta que o processo começou a tramitar naquela corte em 19 de fevereiro de 2020. Entre a decisão da justiça brasileira, passando pela cooperação entre os dois países, e o cumprimento do mandado, se passaram 17 meses. Os ativos serão preservados pelas autoridades norte-americanas enquanto os procedimentos judiciais necessários ao seu confisco estiverem em curso no Brasil.
Nos Estados Unidos, as moedas virtuais estavam em nome de Marcos Antonio Fagundes, um dos sócios da Indeal, que chegou a ser preso durante a Operação Egypto, mas responde à ação penal em liberdade. Fagundes é réu por operação de uma instituição financeira sem autorização legal, gestão fraudulenta de instituição financeira, apropriação indébita e lavagem de dinheiro, além de violações da lei de valores mobiliários. A estimativa é de que a Indeal esteja devendo R$ 1,2 bilhão a cerca de 23,2 mil clientes. Ainda não se tem um levantamento de toda a quantia apreendida e do valor dos bens bloqueados, mas as investigações apontam que o montante está longe do devido aos investidores.