Segunda, 23 de Dezembro de 2024
9°C 27°C
Bento Gonçalves, RS
Publicidade

COVID-19: Voluntário em teste de vacina no Brasil, médico de 28 anos morre no RJ

Óbito ocorreu no último dia 15, mas a Anvisa só tomou conhecimento do caso nesta segunda-feira, 19. Estudo permanece em andamento

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio Fonte: G1
21/10/2020 às 20h17 Atualizada em 26/10/2020 às 12h38
COVID-19: Voluntário em teste de vacina no Brasil, médico de 28 anos morre no RJ

O médico João Pedro Feitosa, que participava como voluntário dos testes da vacina de Oxford, morreu em decorrência de complicações da Covid-19. O caso foi revelado nesta quarta-feira, dia 21, pelo jornal "O Globo".

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou ter sido notificada do óbito em 19 de outubro, e que foi informada que o comitê independente que acompanha o caso sugeriu o prosseguimento do estudo. "O processo permanece em avaliação", disse a agência (veja íntegra da nota abaixo).

O voluntário tinha 28 anos, era médico recém-formado e morador do Rio de Janeiro. Alegando "compromissos de confidencialidade ética", a Anvisa não esclareceu se o voluntário tomou a vacina ou o placebo.

Estudos mantidos
Tanto os desenvolvedores (AstraZeneca e Universidade de Oxford) quanto os envolvidos na aplicação dos testes (Unifesp e IDOR) ressaltam que estão impedidos de dar detalhes por questões éticas, mas ressaltaram que não houve indicação para suspensão do estudo. Além disso, lembraram que a pesquisa é baseada em um "estudo randomizado e cego, no qual 50% dos voluntários recebem o imunizante produzido por Oxford".

Em nota, a Universidade de Oxford ressaltou que os incidentes com participantes do grupo controle são revisados por um comitê independente e que a "análise cuidadosa" não trouxe preocupações sobre a segurança do ensaio clínico.

A farmacêutica AstraZeneca informou ao G1 que também não pode fornecer detalhes por causa das cláusulas de confidencialidade, mas ressaltou que todos os processos de revisão foram seguidos. "Essas avaliações não levaram a quaisquer preocupações sobre a continuidade do estudo em andamento", informou a empresa em nota.

A microbiologista Natália Pasternak analisa que é preciso cautela e analisar o ocorrido com tranquilidade. "Pessoas que participam dos testes clínicos são pessoas, eles podem morrer pelas mais diversas causas. Pode não ter absolutamente nada a ver com vacina", explicou a cientista, que ainda apontou que a investigação do caso pode ser demorada e levar dias.

Testes e acordo no Brasil
A vacina desenvolvida em parceria entre o laboratório AstraZeneca e a Universidade de Oxford é a principal aposta do governo federal para uma futura campanha de vacinação contra o novo coronavírus.

O estudo está na fase 3 dos testes, e eles começaram no Brasil em junho. Nesta fase, a eficácia da vacina é verificada a partir do monitoramento de milhares de voluntários. No país, 8 mil voluntários já participam do estudo.

Antes da fase 3, sua segurança foi verificada em pesquisas com um número menor de voluntários e nenhuma reação grave foi verificada, somente reações leves (leia mais abaixo).

O Ministério da Saúde prevê o desembolso de R$ 1,9 bilhão para o projeto AstraZeneca/Oxford, e espera oferecer 100 milhões de doses no primeiro semestre da vacina, caso os estudos confirmem sua eficácia e segurança. Além disso, prevê produzir mais 165 milhões de doses no Brasil no segundo semestre.

Segurança da vacina de Oxford
Um estudo com resultados preliminares da vacina de Oxford (AZD1222) foi publicado em 20 de julho, na revista científica "The Lancet". A pesquisa cita reações consideradas leves e moderadas e não fala sobre efeitos colaterais graves:

Dor após a vacinação: 67% sem paracetamol; 50% com paracetamol.
Fadiga: 70% sem paracetamol; 71% com paracetamol.
Dor de cabeça: 68% sem paracetamol; 61% com paracetamol.
Dor muscular: 60% sem paracetamol; 48% com paracetamol.

Os testes iniciais, das fases 1 e 2, foram realizados na Inglaterra, com 1.077 voluntários, divididos em dois grupos: 543 pessoas receberam a vacina experimental, e outras 534 receberam uma vacina de meningite (o grupo controle) – 56 participantes da vacina experimental receberam paracetamol profilático.

Nota da Anvisa sobre a morte do voluntário
"Em relação ao falecimento do voluntário dos testes da vacina de Oxford, a Anvisa foi formalmente informada desse fato em 19 de outubro de 2020. Foram compartilhados com a Agência os dados referentes à investigação realizada pelo Comitê Internacional de Avaliação de Segurança. É importante ressaltar que, com base nos compromissos de confidencialidade ética previstos no protocolo, as agências reguladoras envolvidas recebem dados parciais referentes à investigação realizada por esse comitê, que sugeriu pelo prosseguimento do estudo. Assim, o processo permanece em avaliação.

Portanto, a Anvisa reitera que, segundo regulamentos nacionais e internacionais de Boas Práticas Clínicas, os dados sobre voluntários de pesquisas clínicas devem ser mantidos em sigilo, em conformidade com princípios de confidencialidade, dignidade humana e proteção dos participantes.

A Anvisa está comprometida a cumprir esses regulamentos, de forma a assegurar a privacidade dos voluntários e também a confiabilidade do país para a execução de estudos de tamanha relevância.

A Agência cumpriu, cumpre e cumprirá a sua missão institucional de proteger a saúde da população brasileira."

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
500 caracteres restantes.
Comentar
Mostrar mais comentários
Bento Gonçalves, RS
10°
Parcialmente nublado
Mín. Máx. 27°
10° Sensação
0.93 km/h Vento
97% Umidade
0% (0mm) Chance chuva
05h25 Nascer do sol
05h25 Pôr do sol
Terça
31° 13°
Quarta
21° 13°
Quinta
26° 11°
Sexta
26° 11°
Sábado
26° 13°
Publicidade
Publicidade
Economia
Dólar
R$ 6,09 +0,02%
Euro
R$ 6,35 +0,06%
Peso Argentino
R$ 0,01 -0,73%
Bitcoin
R$ 620,082,92 +0,17%
Ibovespa
122,102,15 pts 0.75%
Enquete
Nenhuma enquete cadastrada