Pouco mais de um mês e meio após o retorno das atividades presenciais, as escolas infantis da rede particular de Bento Gonçalves estão se mobilizando para tentar ampliar o limite permitido de alunos, que atualmente é de 50% por sala. Um dos argumentos usados pelas instituições é o fato de que, nesse meio tempo, mesmo com com a volta de mais de 840 crianças em 30 instituições, apenas um caso de contágio por Covid-19 de uma professora foi registrado – e sem transmissão para nenhum familiar, colega ou estudante. Antes da retomada, na testagem prévia promovida pela prefeitura, outras duas profissionais haviam tido resultados positivos nos testes rápidos.
O que move as escolinhas a solicitar a revisão é justamente o temor de que muitas delas não consigam se manter abertas, em virtude dos prejuízos acumulados durante o fechamento e dos gastos extras que estão sendo exigidos agora. Em várias situações, para poder dividir as turmas e respeitar as normas de distanciamento em vigor, elas precisaram contratar mais profissionais e equipar novos espaços, mesmo tendo um fluxo menor de alunos.
Para as que não conseguem aumentar sua estrutura, a saída tem sido abrir mão do atendimento em tempo integral, para o funcionamento em dois turnos, o que também acaba gerando dificuldades, já que o modelo não é o ideal para muitas famílias. A tudo isso, soma-se os gastos com as adaptações para o retorno e a necessidade de estar de acordo com as regras das bandeiras do Distanciamento Controlado do Governo do Estado, que podem sofrer alteração semanal.
De acordo com a presidente da Associação Bento-Gonçalvense das Escolas de Educação Infantil da Rede Privada (Abeipar), Taiane Deconto, o momento é de comemorar o retorno seguro, evidenciado pelos números, mas sem esquecer de pensar no futuro. "As famílias das crianças que estão nas escolas estão contentes com essa volta, estamos conseguindo trabalhar, mas não podemos esquecer que as coisas têm que ir aos poucos voltando ao normal, em todos os setores. A saúde é a prioridade e estamos respeitando isso, mas ainda é um momento complicado para quem sobrevive do seu negócio. Para muitos, inclusive, a situação está pior do que antes", afirma.
Nas próximas semanas, uma das pautas que devem ser discutidas em uma reunião a ser proposta junto à Secretaria Municipal de Educação (Smed) é justamente a possibilidade de uma evolução gradual no limite de crianças por sala. "Não houve aumento da propagação do vírus com as escolas abertas, então temos que pensar em aumentar esse contingente, aos poucos, de forma planejada e mantendo os protocolos necessários. Assim, quem sabe, poderíamos começar o próximo ano com os 100% de alunos", acrescenta Taiane. No total, em condições normais, a rede particular de Educação Infantil de Bento atende a aproximadamente 2.200 pequenos estudantes.
Na avaliação de Taiane, como aprendizado, a experiência vivenciada na pandemia deve tornar ainda mais rígidos os cuidados no ambiente escolar. "Muitos desses protocolos sanitários já eram seguidos com rigor por todas as escolinhas, principalmente com relação à higiene, e foram intensificados nestes últimos meses. Então, se podemos tirar algo bom desse momento de pandemia, é que podemos ter ainda mais cuidado daqui para frente, mesmo nas questões menores do dia a dia", conclui.
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