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“Escolha o livro para você e verás o quão contagiante é ler”, diz patrona da 35ª Feira do Livro

A escritora e roteirista Letícia Wierzchowski, autora do romance “A Casa das Sete Mulheres”, compartilha sua vasta experiência com a literatura junto à comunidade bento-gonçalvense até o dia 18 de outubro.

10/10/2020 às 02h47 Atualizada em 18/10/2020 às 14h01
Por: Marcelo Dargelio Fonte: NB Notícias
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Kévin Sganzerla
Kévin Sganzerla

De forma inédita, a 35ª Feira do Livro de Bento Gonçalves, que iniciou na quarta-feira, dia 7 de outubro, ocorre em um formato totalmente digital, devido à pandemia. A ocasião, portanto, reacende a importância da leitura, a qual se transfigurou como uma companhia e aconchego neste período atípico. A patrona da edição deste ano da feira, a escritora e roteirista Letícia Wierzchowski, debate e compartilha seus conhecimentos sobre o quão significativo é a relevância da literatura e das artes na vida e na rotina da população.

Confira a programação da 35ª Feira do Livro de Bento Gonçalves

Gaúcha natural de Porto Alegre, Letícia escreveu o seu primeiro livro com 22 anos – o romance “O anjo e o resto de nós”. Hoje, aos 48 anos, ela soma 31 obras literárias, sendo 10 livros infantis. Apaixonada por romance e ficção, a escritora é reconhecida, sobretudo, pela obra “A Casa das Sete Mulheres”, que ganhou uma adaptação em uma minissérie na Rede Globo, em 2003, que foi transmitida em diversos países.

A obra que fez o mundo conhecer a história do Rio Grande do Sul é considerado por ela o grande marco de sua carreira. “Na época morava em São Paulo. Durante as Guerras do RS, sempre reuniam as mulheres em uma mesma instância, por questões de segurança e ser mais fácil ter notícias sobre elas. Viveram 10 anos da Guerra lá. Acabou que foi um sucesso estrondoso na Globo e no mercado literário. Foi o livro mais vendido do Brasil durante oito meses. E para mim foi uma honra contar e levar a história para o mundo”, explica.

 Bento Gonçalves foi, inclusive, um dos principais personagens de sua obra mais famosa. Por isso, Letícia guarda uma lembrança afetiva, além de ser uma admiradora do município. “Conheço há muitos anos. Passava todas as minhas férias de inverno aqui. Foi aqui foi onde li toda a obra de Monteiro Lobato, no inverno chuvoso e gelado. Gosto muito daqui. E tenho uma relação afetiva, pois Bento Gonçalves acabou virando um personagem meu”, relata. 

Como patrona da Feira do Livro, Letícia se diz honrada pelo convite, sobretudo se tratando de um momento totalmente atípico para a sociedade. “Tenho um amigo que mora aqui perto, João Besbatti, grande artista plástico,que diz que o mundo sempre vai dizer não para a arte, como se não fosse necessária. Passamos por esse período tão complicado, e passar por ele já foi difícil, agora imagine passar sem ver uma série, um filme, ler um livro, ouvir uma música, ter um quadro para olhar”, comenta. 


Letícia Wierzchowski, ao lado de Evandro Soares, secretário municipal da Cultura (Foto: Kévin Sganzerla)

Segundo a patrona, a feira, seja ela da forma digital ou não, é uma alternativa de ponderar a importância da leitura e debater sobre suas consequências positivas na vida de cada ser humano. “É importante desmistificar a noção que as pessoas infelizmente tem sobre o livro, que o livro é uma coisa chata, o que não é verdade. As crianças gostam de livros, e sempre gostaram e vão continuar gostando, não importa o quão digital o mundo fique. O problema é que em determinado momento da vida escolar, o livro não é mais escolhido pelo aluno, é escolhido pelo professor, e o professor segue um sistema maior. Quando você vê, um adolescente de 12 anos está lendo Machado de Assis, o que é incrível, mas que com 12 anos pode ser chato para ele”, avalia. 

A dica que Letícia traz à tona para quem deseja mergulhar no mundo da literatura é encontrar o livro que irá satisfazê-lo e tornará a leitura prazerosa. “Escolhe o livro para você e verás o quão contagiante é ler. A ficção, a literatura é uma oportunidade de se vingar da vida real, de esquecer os problemas da vida real e viver outras vidas que não só a tua. O cinema também faz isso, mas não como a literatura, que faz entrar na cabeça, no pensamento dos personagens. O mundo seria muito melhor se as pessoas lessem mais ficção, pois é a única maneira de ser outra pessoa, e quando você é outro tu crias um olhar mais humano em relação às diferenças entre o que você é e o outro é. Isso se chama empatia”, opina a escritora. 

Para Letícia, a tecnologia surgiu para auxiliar na acessibilidade de leitura e, sobretudo, fez com que as pessoas se expressassem mais por meio da escrita, principalmente quando se trata de redes sociais, apesar dos seus defeitos. “Os livros são os remédios para as grandes mazelas da humanidade. O problema é que tudo se limita, a cultura acaba por ser limitada até por questões financeiras, mas hoje em dia isso é menos impactado por meio do universo digital. É muito mais barato e acessível. Todos tem celular”, explica. 

Neste período de pandemia, a escritora afirma que o livro se tornou uma verdadeira companhia para as pessoas. “Leiam, divirtam-se. Ler não é uma coisa chata. Se você ler o que tu gosta, é uma das melhores coisas que você pode fazer, pois nunca estará sozinho. A prova é de que, em meio de todo esse isolamento, as pessoas encontraram nos livros uma companhia”, salienta. 

 A patrona da Feira do Livro de 2020 de Bento Gonçalves vai lançar, no próximo mês, o meu mais novo livro, inspirado na história real de Adelina Hess de Souza, a criadora da famosa marca Dudalina, a qual criou 16 filhos e ainda construiu um império. 

Atualmente, Letícia ministra uma oficina gravada para auxiliar novos talentos a escreverem seus próprios romances. As aulas com o material de apoio podem ser baixadas através do site www.casamundicultura.com.br.

Confira a programação da 35ª Feira do Livro por meio do link: cultura.bentogoncalves.rs.gov.br/paginas/35-feira-do-livro.

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