A velha teoria do prende e solta em Bento Gonçalves foi escancarada mais uma vez pela Polícia Civil. Números apresentados pelo delegado Marcelo Ferrugem, que está respondendo pela 1ª Delegacia de Polícia, apontam que a cada 10 pessoas presas por tráfico na Capital do Vinho, 6 já estão de volta às ruas da cidade. A situação é considerada muito preocupante pelo delegado, que teme pela vida de inocentes caso a situação deste tipo de crime continue sendo banalizada no município.
O delegado Marcelo Ferrugem chamou a imprensa justamente para demonstrar a sua preocupação com a falta de punição aos acusados de crime de tráfico em Bento Gonçalves. Há dois meses respondendo pela 1ª Delegacia de Polícia, que é responsável pela investigação do tráfico de drogas na cidade, o delegado está alarmado com o que vem ocorrendo. Em seu levantamento, levando em conta somente as prisões feitas em 2020, a cada 10 pessoas presas por tráfico de drogas, 6 já estão nas ruas. Ferrugem destaca que os órgãos de segurança estão fazendo a sua parte, pois mais de 100 pessoas já foram presas até o dia 6 de outubro na Capital do Vinho.
Segundo o delegado, as principais justificativas do poder judiciário para a soltura dos presos é porque não houve atentado violento contra a vida ou para evitar uma superlotação na penitenciária, devido à pandemia do novo coronavírus. Demonstrando incompreensão, Ferrugem revela que os crimes de tráfico que, em alguns casos, são considerados hediondos pela legislação, estão sendo banalizados. "Aqui em Bento Gonçalves o indivíduo é preso por tráfico e já sabe que não vai ficar um mês sequer na cadeia. Estamos enxugando gelo. É preciso endurecer as punições a estes indivíduos, pois quem está pagando esta conta é a população e nós, que estamos na linha de frente, é que estamos sendo cobrados todos os dias", desabafou o delegado.
O delegado Marcelo Ferrugem revelou que praticamente todos os 22 assassinatos ocorridos em Bento Gonçalves em 2020 têm ligação com o tráfico de drogas. Ele afirma que quando uma pessoa inocente ou um pai de família for morto injustamente, talvez seja tarde para que providências mais duras sejam tomadas. "Estão soltando criminosos presos com grande quantidade de droga, armas com numeração raspada, camisetas da Polícia Civil, e até com explosivos dentro de suas casas. Se isso não configura um crime para que estes indivíduos fiquem na cadeia, não sei mais o que vamos ter que fazer para que eles fiquem trancafiados", destacou o delegado.
Acompanhe no vídeo abaixo a íntegra da entrevista dada pelo delegado Marcelo Ferrugem.
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