O ministro da Economia, Paulo Guedes, intensificou a articulação política para criar um novo imposto sobre transações digitais, semelhante à antiga CPMF, e ganhou aliados de peso no Congresso. Dos líderes governistas ao relator do Orçamento, parlamentares aliados começam a defender publicamente o novo imposto para desonerar a folha de pagamentos, uma ideia da equipe econômica para incentivar a geração de empregos formais no pós-pandemia. O novo imposto e a desoneração fazem parte do restante da reforma tributária do Executivo, que deve ser desengavetada em breve.
O tema vem sendo tratado em reuniões entre a cúpula do Executivo e parlamentares desde o fim da semana passada. Essas reuniões estão acontecendo pela manhã no Palácio do Planalto, com a ala política do governo, e pela tarde ou noite no Ministério da Economia, com técnicos da pasta, para discussão dos detalhes da proposta. O objetivo é que o texto esteja fechado para ser encaminhado na próxima semana à comissão mista do Congresso que discute a reforma tributária.
O ministro Paulo Guedes falou sobre o tema ao lado do líder do governo da Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), e dos ministros Fábio Faria (Comunicações) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), após aval do presidente da República, Jair Bolsonaro, com quem se reuniram na manhã da quarta-feira, 23. No ano passado, Bolsonaro tinha proibido o governo de falar em “volta da CPMF”. Tanto que Marcos Cintra foi demitido do cargo de secretário especial da Receita Federal por defender publicamente o imposto. "Descobrimos 38 milhões de brasileiros que eram invisíveis. Temos que ajudar essa turma a ser reincorporada no mercado de trabalho, então temos que desonerar a folha. Por isso que a gente precisa de tributos alternativos para desonerar a folha e ajudar a criar empregos”, afirmou Guedes, após reunião entre a cúpula do governo e lideranças parlamentares nesta quarta. "Queremos desonerar, queremos ajudar a buscar emprego, facilitar a criação de empregos, então vamos fazer um programa de substituição tributária", completou, prometendo que não haverá aumento de carga.