Após contar com o primeiro candidato estrangeiro da história eleitoral de Bento Gonçalves, as eleições de 2020 também terão no pleito o primeiro candidato surdo a disputar uma cadeira no Legislativo. O bento-gonçalvense Leonardo Flamia Viegas, de 22 anos, que nasceu com deficiência auditiva, vai concorrer a vereador pelo partido do MDB, que terá Alcindo Gabrielli como candidato a prefeito do município.
A família de Leonardo descobriu a deficiência auditiva com 34 dias de vida. De forma imediata, sua mãe, Daniela Flamia, o levou para Porto Alegre, onde passou sua trajetória acadêmica até os 11 anos na Escola Especial Ulbra Concórdia.
De volta a Bento Gonçalves, o jovem relatou sofrer muitas dificuldades. “ Voltamos para Bento quando tinha 11 anos e foi muito difícil. Sempre fui fluente em libras, e me deparei com uma situação bem triste na cidade. As escolas não ofereciam intérpretes, somente com algum curso de libras, mas os professores que davam aula para os surdos não sabiam a língua”, relata.
Na Associação dos Surdos de Bento Gonçalves, Leonardo prestou de forma voluntária aulas de libras para crianças e adolescentes. Após sua experiência na cidade, o jovem bento-gonçalvense tem como bandeira principal lutar pelos direitos das pessoas com deficiência. “O motivo por estar me candidatando, e depois de muito refletir, é continuar lutando pelos direitos de qualquer tipo de deficiência. Os governantes têm que se colocar no lugar do outro. Não existe empatia. Essa é minha bandeira mais forte, e junto com a causa animal. Quem mais precisa no nosso país é o que menos consegue seus direitos garantidos, então quero lutar por eles”, pondera o candidato a vereador.
Leonardo está finalizando faculdade em um curso proporcionado pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos - FENEIS, com o objetivo de se tornar professor. “Tenho qualificação, quero ser professor, e os empregos que nos oferecem é chão de fábrica. Não estou desqualificando esse serviço. Mas um ouvinte se classifica e tem milhares de oportunidades, e nós nos qualificamos e não conseguimos quase nenhuma. O que possa chamar isso? Desigualdade e preconceito”, analisa.
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