Os resultados do Coalizão II, estudo multicêntrico do qual o Instituto Tacchini de Pesquisa em Saúde (ITPS) fez parte, foram publicados na edição deste sábado, 5 de setembro, do The Lancet, uma das principais revistas científicas do mundo. A pesquisa revelou que a Azitromicina não resultou em melhora clínica de pacientes graves com a COVID-19.
A pesquisa foi realizada entre 28 de março e 19 de maio. Foram cadastrados 447 casos atendidos em 57 hospitais brasileiros. Deste total, o diagnóstico de COVID-19 foi confirmado em 397 pessoas, que serviram de base para a análise principal pesquisa. O Tacchini incluiu 7 pacientes no estudo, tornando-se o 13ª maior recrutador. “Iniciativas como os estudos relacionados ao Coalizão estão dando respostas à maior parte das dúvidas iniciais quanto à COVID-19 a nível nacional. Fazer parte de uma ação colaborativa como essa, com outros grandes hospitais e centros de pesquisa do país, nos orgulha muito e corrobora a seriedade com que o Sistema Tacchini de Saúde conduz suas ações técnicas, estimulando pesquisa, ensino e ciência, a fim de garantir assistência segura e qualificada aos nossos pacientes”, descreve a investigadora principal do estudo no Hospital Tacchini, Dra. Nicole Golin.
Todos os pacientes incluídos no estudo apresentavam ao menos um dos seguintes critérios de gravidade: necessidade de uso de mais de 4 litros de oxigênio por dia, uso de cânula nasal de alto fluxo, de ventilação não invasiva com pressão positiva ou de ventilação mecânica. Além disso, eram portadores de fatores de risco para agravamento da doença (hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e insuficiência renal crônica). Cerca de 50% dos pacientes incluídos nesta pesquisa estavam em ventilação mecânica quando o estudo começou.
Por meio de randomização (sorteio), 214 pacientes receberam azitromicina mais o tratamento padrão e 183 receberam tratamento padrão sem azitromicina. O tratamento padrão incluía, à época, todas as medidas de suporte hospitalar e a hidroxicloroquina.
Reação dos pacientes ao medicamento
A análise feita 15 dias após o início dos tratamentos mostrou que não houve diferença entre os grupos na chance de melhora segundo a escala de evolução clínica definida. Ou seja, o uso de azitromicina associado ao tratamento padrão não mostrou benefícios para a recuperação dos pacientes.
Também não houve diferença importante na mortalidade entre o grupo medicado com azitromicina mais tratamento padrão e o grupo que recebeu apenas tratamento padrão. No primeiro, a taxa de óbitos após 29 dias foi de 42%. Entre o grupo controle, foi de 40%. Além disso, não foram evidenciadas diferenças significativas no tempo médio de internação: 26 dias para os pacientes que receberam azitromicina mais tratamento padrão e 18 dias entre os pacientes que receberam apenas a terapia padrão.
Efeitos adversos
A incidência de eventos colaterais foi semelhante nos dois grupos de pacientes. Entre os que receberam a adição da azitromicina ao tratamento padrão, por exemplo, 39% apresentaram insuficiência renal e precisaram ser submetidos à diálise. No grupo dos medicados com a terapia padrão, o índice foi de 33%. “Esse resultado é fruto do trabalho sério e consistente do Instituto Tacchini de Pesquisa em Saúde (ITPS), agregando e auxiliando várias equipes e profissionais. Mais uma vez cumprimos com excelência um dos valores do Tacchini, o trabalho em equipe”, conclui a Dra. Nicole.
Demais pesquisas do Coalizão no Tacchini
Além do Coalizão II, o Tacchini ainda participou de outros dois estudos relacionados a medicamentos utilizados no combate ao COVID-19. O Coalizão I concluiu que a hidroxicloroquina não teve eficácia no tratamento de pacientes leves e moderados com diagnóstico de COVID-19, indicando ainda que o uso do medicamento pode aumentar o risco de arritmia cardíaca e lesão hepática. O Coalizão V, que pesquisou a eficácia da Hidroxicloroquina em pacientes ambulatoriais de COVID-19 ainda não teve seu resultado publicado.
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