A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta segunda-feira, 31, uma mega operação para desarticular o Primeiro Comando Capital (PCC), a maior facção criminosa do país. Para a ação, foram mobilizados 1,1 mil policiais federais, que cumprem 623 mandados judiciais em 18 unidades federativas (Acre, Alagoas, Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo) e no Chile. No Rio Grande do Sul, são 12 ordens judiciais — sete de prisão e cinco de busca e apreensão —, nas cidades de Canoas, Alvorada, Charqueadas e Gravataí. Os crimes investigados são participação em organização criminosa, associação para o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Ao todo, foram expedidos pela 2ª Vara de Tóxicos de Belo Horizonte 422 mandados de prisão preventiva e 201 mandados de busca e apreensão. Também foi ordenado o bloqueio judicial de R$ 252 milhões. Em nota, a PF informou que, na primeira fase da operação, descobriu a existência do núcleo "Setor do Progresso", que tinha como função promover lavagem de dinheiro dos valores gerados com a atividade de tráfico de drogas.
As investigações também conduziram a polícia ao chamado "Setor da Ajuda", criado para recompensar membros de uma facção recolhidos em presídios e que mantinham contas bancárias para onde parte do dinheiro oriundo das atividades era destinada. Em alguns casos, as quantias eram depositadas em contas de pessoas que não pertenciam ao grupo criminoso, para despistar as autoridades policiais.
A PF apurou, ainda, que 210 suspeitos desempenham as funções no alto escalão da facção criminosa, como a execução de servidores públicos. Todos cumprem penas em presídios federais. Os presos deverão responder por crimes de participação em organização criminosa, associação com o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, cujas penas podem chegar a 28 anos de prisão.
Somente em um endereço com mandado de prisão em Santos (litoral de São Paulo), foram foram apreendidos R$ 2 milhões e US$ 730 mil (cerca de R$ 4 milhões). A cidade é tida como uma das mais importantes para o PCC, porque, a partir do porto, grandes remessas de cocaína são exportadas pela facção para outros continentes, o que representa grande parte do lucro do grupo.