A temporada de 2020 foi marcante para o Clube Esportivo. Depois de 33 anos, o alviazul voltou ao protagonismo no Campeonato Gaúcho com a conquista do título de Campeão do Interior. Porém, devido à pandemia, o calor da vibração do torcedor não se fez presente, pelo menos não fisicamente, no momento do feito histórico. Mas, no aconchego de seus lares, os fiéis torcedores fizeram a festa e celebraram a conquista com orgulho e emoção.
Os confrontos derradeiros do Esportivo no Gauchão foram disputados com um ambiente significativamente atípico por conta dos protocolos. Mesmo que, ao fundo, as cantorias do torcedor difundidas pelos holofotes remetiam a presença nas arquibancadas, a energia não era a mesma. No entanto, mesmo distante, o torcedor tratou de apoiar e acompanhar os jogos decisivos em casa, com o rádio no ouvido ou vidrado na tela do celular ou da televisão.
Assim como no título, a passagem dos 101 anos e do lançamento do livro do Centenário não contaram com a presença física da torcida. Mesmo sem sentir o verdadeiro clima coletivo de comemoração pelo feito histórico, a pandemia não diminuiu o sentimento de orgulho e felicidade do alviazul, proporcionados pela campanha categórica na competição estadual.
Onipresentes: o sentimento do torcedor nos 101 anos do Clube Esportivo:
Maicon Rubini é torcedor do Esportivo desde criança. Assistia os jogos do clube ainda quando o alviazul atuava na Velha Montanha, sempre ao lado do pai. De 1995 para cá, Maicon não tem outra paixão no futebol a não ser a equipe de Bento Gonçalves. Atualmente, faz parte da torcida organizada Fúria Alviazul.
Neste ano, a conquista, segundo o torcedor, se mostrou fruto de uma junção de forças e de fatores, e que resultou em um sentimento profundo de orgulho para a torcida alviazul. “Que pena não podermos ter feito a festa que o torcedor merecia. O clube e os torcedores mereciam ter recebido o abraço caloroso da comunidade de Bento Gonçalves. O Esportivo ter ganho o título do Interior, mesmo sem ter aquela comemoração tradicional e merecida, foi muito importante. Se fosse resumir em uma palavra o que sinto pelo Esportivo nestes 101 anos é orgulho, o orgulho de ser torcedor do alviazul”, ressalta.
Antes de 2020, o Esportivo havia conquistado o título do Interior apenas em 1987. Justamente naquele ano Carlinhos Almeida, torcedor fanático pelo clube, chegou a Bento Gonçalves e começou a acompanhar o alviazul - um amor à primeira vista.
Carlinhos levou consigo o seu filho, Édipo Almeida, ao estádio, o tornando também um torcedor alviazul e que, atualmente, também faz parte da Fúria Alviazul. Tamanha é a paixão de Carlinhos para com o Esportivo que o faz afirmar orgulhosamente ser sócio contribuinte e, mais que isso, de vestir as cores alviazuis praticamente todos os dias. “Se você me encontrar, estou trabalhando no escritório normalmente com a camisa do Esportivo, com a máscara do Esportivo, com a caneta do Esportivo”, explica.
Se em 1987 a comemoração foi calorosa, neste ano Carlinhos relata que a vibração foi longe do ideal para o tamanho do feito do clube, mas que não escondeu o orgulho da conquista. “Relaciono com o jogo contra o Pelotas, que ganhamos de 2 a 1 e que assisti no barranco. Foi o último jogo que vimos de maneira, digamos, meio presencial, pois vimos no barranco do estacionamento, em cima do carro. Depois, só televisão e vídeo. Essa comemoração foi totalmente diferente. Aquela folia do momento não vivenciamos. Mas torcemos para que ano que vem volte tudo ao normal para acompanhar novamente o Esportivo no estádio”, pondera.
Assim como Maicon Rubini, Luana Zortéa também seguiu os passos do pai, comparecendo aos jogos do Esportivo desde criança. Sempre presente nos confrontos, seja na Montanha dos Vinhedos ou fora de casa, a torcedora, que também faz parte da Torcida Organizada Fúria Alviazul, avaliou o título do Interior como a "cereja no topo do bolo".
Para ela, a conquista mostrou o potencial do Esportivo no futebol gaúcho. “Apontado como um favorito para cair, e depois terminar apenas abaixo das duas forças do Estado e como campeão do Interior é uma cereja no topo do bolo, algo que não estava sendo esperado. Serviu para mostrar o potencial do clube frente a algumas pessoas da cidade que não dão tanta importância, talvez porque não conheçam a história do clube”, comenta.
Desta vez, Luana não teve a oportunidade de vibrar no alambrado e de forma coletiva nas arquibancadas, mas algo deu um gostinho especial na comemoração do feito histórico: “O título saiu no jogo contra o Juventude. Foi um gostinho a mais comemorar, pois o vizinho do lado torce para o Juventude. Deu aquele gostinho de comemoração bem bacana. Era o vizinho do Juventude que não saia de casa, era na minha casa todos comemorando e na casa ao lado o pessoal comemorando também”, relata.
Paulo da Cruz vivenciou o auge do Esportivo na década de 1970. Conhecido por sempre estar no alambrado do estádio, com seu rádio de pilha, Paulo foi o fundador da extinta Torcida Organizada Zebrão Alviazul. É a prova que experiência não lhe falta para torcer, sofrer e vibrar pelo Esportivo.
Mesmo longe das arquibancadas, a vibração só não foi diferente do habitual por dois motivos: a bebida e um pequeno incidente com seu companheiro de jornadas: “Para mim foi uma das maiores emoções que eu tive. Me emocionei muito, pois vi algumas vezes o Esportivo cair e levantar. A minha mulher me disse para parar de beber, pois enchi a cara de faceiro. E tive que colocar fora o rádio. Fui pular para comemorar, o rádio caiu e cai em cima dele. Tive que comprar um novo”, relata Paulo, em meio a muitas risadas.
A emoção do título também foi vivenciada na casa de Leomar Pelegrini, outro torcedor alviazul que começou a acompanhar o clube desde a década de 1970, nos anos de áurea do Esportivo. Sócio desde 1999, Leomar já se diz ansioso para o que o aguarda em 2021, com a disputa de competições nacionais após 14 anos. “O pessoal que é fanático pelo clube, mesmo em casa, comemorou muito. No próximo ano teremos mais jogos, mais campeonatos, e vamos seguir em frente. Eu amo o Esportivo, é o clube da nossa cidade, temos que apoiar, a comunidade tem que apoiar para crescer cada vez mais”, ressalta o torcedor.
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