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Projeto "Donna": A força da mulher para ajudar a mulher

Iniciativa foi criada há cerca de um ano em Bento Gonçalves para auxiliar moradoras da cidade vítimas de violência doméstica e em situação de vulnerabilidade social

10/08/2020 às 20h28 Atualizada em 19/08/2020 às 00h44
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Jorge Bronzato Jr.
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Divulgação Donna
Divulgação Donna

Foi o testemunho de um caso de violência doméstica no interior de Bento Gonçalves que fortaleceu em Elizete Pompelli da Silva e Camila da Silva, mãe e filha, o sentimento de ajudar mulheres vítimas desse abuso ainda tão presente na sociedade. Ambas são executivas de vendas da empresa de cosméticos Avon e, ao fazerem uma visita a uma moradia na zona rural – onde contatariam pessoalmente uma nova consultora –, perceberam que a mulher tinha hematomas no rosto, resultantes de agressões do marido.

Antes disso, ela já havia hesitado em enviar uma selfie para completar o cadastro, e o motivo acabou sendo revelado quando Elizete e Camila chegaram à residência. "Às vezes, com toda a correria do dia a dia, não percebemos que muitas pessoas estão passando por situações como essa. Para nós, foi algo realmente marcante, mas na hora o sentimento foi de impotência, por não saber como ajudar. Então, decidimos fazer alguma coisa e hoje estamos muito orgulhosas de onde já chegamos, e de como também crescemos como seres humanos", afirma Camila.

Do choque inicial, nasceu, há cerca de um ano, o projeto "Donna", que primeiramente havia sido batizado de "Mulheres Maravilha". A iniciativa reúne voluntárias em uma rede de apoio que abre os braços para acolher outras mulheres do município que estejam enfrentando situação semelhante, além daquelas que encaram a dura realidade da vulnerabilidade social. "Não estamos aqui para julgar nenhuma mulher, estamos aqui para ouvir e ajudar. Se não pudermos ajudar diretamente, vamos orientar e fazer todos os encaminhamentos necessários. Uma coisa é certa: nenhuma mulher que nos procurar vai ficar sem essa ajuda", completa.

A recente trajetória já  tem apresentado resultados muito positivos. Até aqui, quase 350 mulheres foram atendidas pelo grupo, que conta com parcerias como o Centro Revivi e as entidades Pequeno Grande Campeão, Aapecan, AIDD e a representação feminina do Sitracom-BG. Mas a ação também ganhou alcance nacional, chamando a atenção do Instituto Avon: no ano passado, "Donna" foi ganhadora do prêmio "Juntas transformamos" e, com isso, passou a ter a marca como uma de suas principais apoiadoras, com recursos e capacitações. Neste período de pandemia, o Instituto repassou, inclusive, um auxílio financeiro emergencial que possibilitou ajudar 40 mulheres de Bento.

Aos poucos, Camila percebe que tem sido mais fácil fazer com que as mulheres compartilhem os dramas vivenciados e, assim, busquem a ajuda oferecida para tentar mudar sua condição. "Nem sempre conseguimos, porque cada caso é diferente do outro. Mas, no começo, o medo de falar sobre isso parecia maior, sem contar que muitas dessas mulheres nem conheciam os seus direitos. Acredito que, cada vez mais, estamos conseguindo passar essa confiança, para que elas saibam que não estão sozinhas", destaca.

Arrecadação de doações
A mobilização para arrecadar doações também é uma das atividades permanentes das 44 voluntárias que emprestam seu tempo e sua dedicação à causa. Os donativos, sejam alimentos, roupas ou outros materiais, são recebidos e logo encaminhados a quem precisa. Hoje, entre as mulheres que estão sendo acompanhadas, há três gestantes, que continuarão recebendo suporte depois do nascimento dos filhos. Recentemente, uma grande coleta de mantimentos também foi enviada às famílias de Santa Tereza que perderam tudo na enchente.

Para o futuro breve, quando tiverem fim o isolamento e as restrições causadas pela Covid-19, um dos objetivos do projeto é oferecer oficinas profissionalizantes voltadas ao público feminino, para contribuir ainda mais na busca da independência de mulheres que, por várias razões, possam estar dependentes de companheiros (muitas vezes, em um relacionamento abusivo) ou de outras pessoas. "A violência não é só física, ela pode ser moral, psicológica e inclusive financeira. E, nestes casos, a mulher fica refém da situação porque não vê meios de sair dela", ressalta Camila.

Como ajudar
Além de manter páginas no Facebook e no Instagram, o projeto também disponibiliza o número (54) 99132.3540 para contato por WhatsApp, tanto para quem busca apoio como para mulheres que desejarem ser voluntárias. A entrega presencial de doações, por sua vez, pode ser feita na rua Pedro Batista Menegotto, 713, no bairro Fátima, onde está sendo montada a sede do "Donna".

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