Teixeirinha vive. No dia 7 de agosto, chegarão às plataformas digitais 12 músicas inéditas do cantador Vitor Mateus Teixeira (1927-1985). Elas resultam do primeiro “garimpo” no vasto acervo do artista mais popular da história da música regionalista gaúcha e brasileira. Entre tantas outras coisas, a fundação que leva o nome dele guarda as cerca de 120 fitas cassete em que ele registrava as canções que ia compondo, com várias peculiaridades. Mais adiante, amenizada a pandemia, o álbum Teixeirinha Inéditas será lançado também em formato físico.
No final de 2018, o selo independente carioca Nikita tomou conhecimento desse acervo através da Sociedade Brasileira de Administração e Proteção de Direitos Intelectuais (Socinpro), à qual Teixeirinha era filiado. E sugeriu às filhas Márcia e Margareth, dirigentes da fundação e da editora do artista, que procurassem em Porto Alegre o produtor fonográfico Raul Albornoz para organizar o material – reconhecido profissional da área, ele desenvolveu projetos bem-sucedidos na gravadora ACIT e no selo Orbeat Music (da RBS), que em 2003 reeditou vários discos de Teixeirinha e de Gildo de Freitas na série Gauchíssimo.
As fitas eram usadas por Teixeirinha para se comunicar com os diretores artísticos e arranjadores da gravadora Continental, que lançou parte de seus discos. Gravava as músicas com voz e violão (muitas vezes desafinado), mandava recados, dava ideias sobre como queria os arranjos. Depois viajava a São Paulo só para colocar a voz nas bases prontas e ajeitar um ou outro detalhe. Os recados que ele mandava à gravadora no início de cada canção foram preservados no álbum para manter a originalidade.
Restauração das obras
Durante mais ou menos um ano, o material foi sendo identificado e processado digitalmente no estúdio porto-alegrense Soma e, a seguir, restaurado e masterizado pelo engenheiro de som Marcos Abreu, que assina nove entre 10 produções do tipo no Rio Grande do Sul. O álbum Teixeirinha Inéditas abre o projeto Antologia da Composição, que prevê outros álbuns com gravações ao vivo e versões inéditas de sucessos. E a Fundação Vitor Mateus Teixeira ainda programa a edição em DVD dos 12 filmes do artista, para lançar em um Festival do Cinema de Teixeirinha, que deverá percorrer o Brasil em parceria com o Sesc.
Mas, a estas alturas, perguntará o leitor sobre o álbum de agora. São valsas, toadas, rasqueados, chotes, dois sambas-canções (um deles bem lupiciniano, Nossos Corações, cantado com voz empostada) e até um fado, Maria da Graça, que no refrão brinca com o sotaque lusitano. O material inédito apresenta basicamente o lado romântico do cantador: Coração Ciumento, Fidelidade, Menina Linda, Para Passar a Limpo o Amor que Já Viveu.
Em Nasci, Sofri, Cresci, Venci, Teixeira resume de novo sua trajetória. Em Vida, Amor e Sangue, a história envolve um amigo que doa sangue ao personagem da música, desaguando em um dramático triângulo amoroso. Tudo a ver com o Gaúcho Coração do Rio Grande.
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