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Estudo do governo destaca impactos socioeconômicos dos eventos extremos de 2024

Os eventos climáticos extremos registrados em 2024 resultaram em grandes impactos socioeconômicos no Rio Grande do Sul e, um ano após a sua ocorrên...

Marcelo Dargelio
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Secom RS
29/04/2025 às 09h27
Estudo do governo destaca impactos socioeconômicos dos eventos extremos de 2024
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Os eventos climáticos extremos registrados em 2024 resultaram em grandes impactos socioeconômicos no Rio Grande do Sul e, um ano após a sua ocorrência, o Estado ainda lida com grandes desafios para a superação dos seus efeitos, guiados pelas políticas de reconstrução desenvolvidas no período. Para mensurar a extensão das consequências do desastre e descrever o processo de recuperação, o governo do Estado publicou nesta terça-feira (29/4) o relatório produzido pelo Departamento de Economia e Estatística da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG) em que apresenta uma análise do desastre, em especial os efeitos sobre a economia gaúcha, o mercado de trabalho, a educação e a habitação.

"A perspectiva de que eventos como os de 2024 têm grande probabilidade de recorrência exige uma capacidade de preparação e avaliação constante por parte de toda a sociedade. Este relatório, elaborado pelo DEE, pretende contribuir para esse esforço coletivo fazendo com que o Estado como um todo possa aprimorar seus instrumentos de prevenção, mitigação e enfrentamento dos fenômenos naturais", destacou a secretária da SPGG, Danielle Calazans.

Extensão dos fenômenos

As precipitações extremas registradas no território gaúcho entre abril e maio de 2024 foram caracterizadas pelos volumes muito acima da média, que em alguns locais superaram em quatro dias mais da metade da média anual de chuvas. Como resultado, mais de 95% dos municípios do RS (478 dos 497) foram atingidos, quase um milhão de pessoas diretamente afetadas e mais de 180 mortos.

Conforme dados do Mapa Único do Plano Rio Grande , ferramenta criada pelo Estado para auxiliar o governo e a sociedade na elaboração e execução de políticas para o enfrentamento das consequências dos fenômenos, 537 mil endereços foram diretamente atingidos (8,8% do total de endereços do RS) e pouco mais de 100 mil famílias receberam o benefício do programa Volta por Cima, criado em 2023 para auxiliar as famílias em situação de pobreza atingidas por eventos extremos.

Economia

De acordo com o relatório, a maior catástrofe climática da história do Estado ocasionou uma série de efeitos sobre o fluxo de produção e sobre a capacidade produtiva do Estado.

Na Agropecuária, apesar da maior parte das lavouras de verão já ter sido colhida antes do início do evento climático, as lavouras remanescentes de arroz, milho e de soja foram severamente afetadas nas regiões de maior incidência de chuvas. As maiores perdas ocorreram na soja, tanto em termos de área como de produção, uma vez que, na semana do evento, ainda restava cerca de um quarto da área plantada por colher. A lavoura do trigo, cujo ciclo produtivo ocorre no segundo semestre, teve área plantada reduzida em 11,2% e produtividade 7,5% menor do que a observada em 2023. O excesso de chuvas afetou ainda de forma significativa a cultura de hortaliças, frutas e a produção leiteira, com 9,6 milhões de litros de leite não coletados no período entre 30 de abril e 24 de maio de 2024.

Apesar de mais de 206 mil propriedades rurais do RS terem sido afetada s pelas chuvas extremas, a agropecuária fechou o ano de 2024 com crescimento de 35%, recuperando-se da estiagem ocorrida em 2023.

Na Indústria de Transformação, a produção registrou, em maio de 2024, uma queda de 26,3% na comparação com o mês anterior. "Não podemos atribuir exclusivamente aos efeitos das enchentes essa queda, mas a magnitude da retração em meio a um quadro de retomada da produção industrial do Estado permite afirmar que os eventos climáticos tiveram um papel preponderante nessa queda histórica da indústria de transformação gaúcha", apontou o relatório do DEE/SPGG.

O material destaca, no entanto, a retomada, em junho de 2024, do nível da indústria de transformação a patamares registrados no período anterior à ocorrência dos eventos. De julho a dezembro, o setor cresceu 2,3% na comparação com o mesmo período de 2023 e, no acumulado do ano, a alta foi de 0,6% em relação ao ano anterior.

No Comércio, o setor teve uma pequena queda em maio em comparação a abril. Nos meses seguintes, porém, houve forte recuperação, impulsionada pelas políticas de transferência de renda e pela necessidade da população de repor bens danificados. No ano, o comércio fechou com crescimento de 9,5%, desempenho alavancado pelos aumentos das vendas de equipamentos e material de escritório e informática (12,7%), atacado especializado em produtos alimentícios (12,6%), móveis e eletrodomésticos (12,4%), hipermercados e supermercados (11,4%) e veículos, motocicletas, partes e peças (10,7%).

Também parte do segmento de Serviços, o Turismo viu sua atividade cair 34,3% em maio e 24,2% em junho de 2024 na comparação com o mesmo período de 2023. O fechamento do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, e as restrições de deslocamento afetaram o setor, que, no total de 2024, registrou queda de 14,3% nas atividades.

Mercado de Trabalho

A PNAD Contínua do segundo trimestre de 2024 revelou que, mesmo com o impacto das chuvas intensas registradas em abril e maio, os indicadores do mercado de trabalho no Rio Grande do Sul se mantiveram estáveis em relação ao trimestre anterior e ao mesmo período de 2023 — um desempenho positivo, considerando a gravidade da situação. Nos trimestres seguintes (terceiro e quarto de 2024), o cenário melhorou: houve aumento nas taxas de participação e de ocupação, redução da taxa de desocupação e recuperação do rendimento médio, que atingiu seu maior nível ao final de 2024.

Por outro lado, o período de maio e junho de 2024 marcou a maior retração do emprego formal gaúcho desde o início dos impactos da Covid-19, entre março e maio de 2020. Entre maio e junho de 2024, 30,6 mil empregos foram perdidos no Rio Grande do Sul, 22 mil vínculos em maio e 8,6 mil empregos em junho. O estudo do DEE/SPGG indica que no trimestre seguinte, de julho a setembro, o saldo de empregos gerados no Estado chegou a 27,5 mil vínculos, o que fez o RS retomar a padrões similares ao de abril de 2024, anterior à ocorrência das chuvas.

Dos 30,6 mil empregos eliminados em maio e junho, 10,5 mil foram na Indústria e 7,9 mil no Comércio, enquanto a Agropecuária foi responsável pela baixa de 6,5 mil vínculos, o segmento de Serviços por menos de 4,7 mil empregos e a Construção por menos de 1 mil postos.

Conforme o material, as regiões mais afetadas pela redução no número de empregos foram as mais impactadas pelas chuvas, no leste e norte do Rio Grande do Sul, nos Vales do Taquari, do Rio Pardo e do Sinos, e na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Escolas

Os eventos de maio de 2024 atingiram diretamente 770 escolas do Rio Grande do Sul, cerca de 8% do total das existentes no território gaúcho. Entre as escolas estaduais, 611 foram danificadas e 1.148 instituições tiveram aulas suspensas, o que representou 26% e 50% do conjunto das escolas gaúchas.

Regionalmente, pela divisão territorial dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes), o Metropolitano Delta do Jacuí foi o mais impactado, com 203 escolas atingidas, seguido do Vale do Rio dos Sinos, com 176 instituições afetadas, do Vale do Taquari (102) e do Sul (99). Entre os municípios, Porto Alegre, com 130 instituições de ensino, foi o com o maior número de escolas atingidas, seguido de Canoas (83), Rio Grande (63), São Leopoldo (59) e Eldorado do Sul (26).

Para a recuperação emergencial das instituições, dentro do Plano Rio Grande o material destaca a destinação de aproximadamente R$ 121 milhões em projetos para a recuperação de mobiliário e equipamentos, custeio e repasses extras para merenda escolar.

O Plano Rio Grande é um programa de Estado criado para reconstruir o Rio Grande do Sul e torná-lo ainda mais forte e resiliente, preparado para o futuro.

Habitação

Na área da Habitação, o relatório destaca as respostas do poder público estadual e federal na constituição de uma "estrutura administrativa, acompanhada de fundamentação legal e financeira" para o planejamento e implantação de ações e programas para responder à necessidade por novas moradias.

No governo do Estado, a Estratégia Integrada de Habitação , estabelecida no Plano Rio Grande é ressaltada como a resposta da administração pública à necessidade das famílias gaúchas para a disponibilização de moradias aos desabrigados e desalojados, em especial à população mais vulnerável, como parte de uma política de habitação de interesse social mais ampla.

Desafios

Apesar da recuperação no curto prazo, no material desenvolvido pelo DEE/SPGG são destacados desafios de médio e longo prazos. "Um ano depois do ocorrido, fica ainda mais nítida a importância de seguir fortalecendo e aumentando o escopo das políticas de prevenção de desastres, que incluem ações de mapeamento das áreas de risco e de vulnerabilidade — bem como das populações que nelas habitam —, monitoramento de eventos climáticos extremos, ampliação e qualificação de planos de contingência e planejamento de ações de resposta imediata de médio e longo prazos. Dessa forma, o Estado torna-se efetivamente preparado para enfrentar os eventos que tendem a se tornar cada vez mais frequentes e intensos, de forma a minimizar a magnitude dos desastres associados a eles", apontam as considerações finais do documento.

Texto: Vagner Benites/Ascom SPGG
Edição: Secom

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