A professora de História e arqueóloga Juliana Soares anunciou que vai se exonerar voluntariamente da Prefeitura de Bento Gonçalves após ter o pedido de licença para especialização negado. A negativa partiu da Secretaria de Administração, subordinada diretamente ao prefeito Diogo Siqueira (PSDB), mesmo com a autorização inicial da Secretaria Municipal de Educação (Smed) e mesmo sem ônus para o município.
A profissional, com nove anos de experiência como docente e 17 anos como arqueóloga, relatou o episódio em uma carta aberta, em tom de desabafo, onde expôs sua frustração com o processo. Segundo Juliana, a justificativa para a negativa foi a "falta de professores", argumento que ela rebate, afirmando que há carência de profissionais em outras áreas, mas não especificamente para a disciplina de História.
A licença interesse (LI), modalidade solicitada pela professora, permite o afastamento sem remuneração, não contando para aposentadoria ou progressão na carreira. Mesmo assim, o pedido foi barrado. Juliana destacou a contradição no discurso da gestão municipal, já que outras licenças semelhantes foram concedidas a farmacêuticos, enfermeiros, dentistas e guardas civis nos últimos anos, em períodos de igual ou maior demanda.
— Me pergunto "inocentemente" porque eu não consegui. Certamente nada deve ter a ver com a nova legislação ou com o fato de ser ativa no sindicato — ironizou Juliana em seu texto.
A professora também relatou ter se oferecido para atuar voluntariamente no Museu Municipal, que está em fase de implantação de uma reserva técnica de arqueologia com recursos da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), mas mesmo assim, seu afastamento foi negado.
A situação obrigará Juliana a deixar definitivamente o cargo dentro de 18 dias, como ela própria relatou, reforçando que "quem perde são os alunos da educação básica" de Bento Gonçalves. Segundo a professora, além de qualificada, sempre teve excelente relacionamento com os estudantes, construindo "anos de afetos e aprendizado".
Confira o parecer da Prefeitura de Bento
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A decisão gera críticas à política de gestão de pessoal na Prefeitura de Bento Gonçalves e expõe um possível tratamento desigual entre os servidores públicos. A exoneração de Juliana Soares retira do sistema municipal uma professora mestre e pesquisadora ativa, reconhecida pela contribuição à educação e à cultura da região.
Até o momento, a Prefeitura de Bento Gonçalves não se manifestou oficialmente sobre o caso.