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Mulheres ainda são minoria na área de tecnologia e IA
Falta de incentivos, estereótipos e baixa participação das mulheres em cargos de liderança dificultam o avanço do grupo na área da tecnologia. Cris...
22/04/2025 17h26
Por: Marcelo Dargelio Fonte: Agência Dino

De acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), repercutidos pelo portal Meio & Mensagem, no Brasil, as mulheres correspondem, em média, a apenas 20% dos profissionais da área de tecnologia.

Já dados do Fórum Econômico Mundial, também noticiados pelo site, apontam que, globalmente, apenas 22% dos profissionais que atuam com inteligência artificial (IA) são mulheres, enquanto os homens ocupam 78% dessas posições.

Para Cristina Boner, empresária e profissional da área de tecnologia, os números apresentados nas pesquisas refletem um desequilíbrio histórico que ainda persiste no setor de tecnologia, mesmo com os avanços registrados nos últimos anos.

“São dados que nos preocupam, mas, ao mesmo tempo, nos impulsionam a agir. A presença feminina em áreas como dados, IA e engenharia é fundamental não apenas por uma questão de representatividade, mas pela qualidade e pluralidade das soluções que essas profissionais podem trazer para o mercado”, analisa.

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Segundo a empresária, além dos estereótipos de gênero, os obstáculos também incluem a ausência de políticas de inclusão efetivas dentro das empresas. Ela destaca ainda a falta de acesso a uma formação técnica de qualidade e a inexistência de redes de apoio como outros desafios enfrentados pelas mulheres na área.

“Muitas vezes, as mulheres são subestimadas, têm suas competências questionadas ou não encontram espaço para crescer em ambientes dominados majoritariamente por homens. Acredito que parte disso vem da herança de uma cultura que, por muito tempo, associou tecnologia a um universo masculino”, complementa.

Esse processo, segundo Cristina, começa na infância, com a maneira como meninas e meninos são incentivados a explorar determinadas áreas. Para ela, essa disparidade se estende ao ambiente acadêmico e, mais tarde, ao mercado de trabalho. “Mesmo hoje, muitas mulheres enfrentam falta de incentivo, escassez de modelos femininos de referência e ambientes pouco inclusivos”, pontua.

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Cultura organizacional ainda precisa avançar

Em termos de cultura organizacional, a empresária destaca que ainda há muito a ser feito. Para ela, a presença de mulheres em posições de liderança é crucial para que mudanças estruturais aconteçam.

“Quando vemos poucas mulheres nesses espaços, percebemos que a equidade de gênero ainda não é uma prioridade real em muitas empresas. É necessário transformar o discurso em prática — com políticas claras, metas de inclusão e, principalmente, ambientes de trabalho seguros e acolhedores”, explica.

Cristina também reforça a importância de iniciativas como bootcamps, hackathons e comunidades femininas, que ajudam a criar espaços seguros de aprendizado, troca de experiências e oportunidades. Bootcamps e hackathons, por exemplo, permitem que mulheres desenvolvam projetos reais, ganhando assim mais visibilidade. Já as comunidades femininas funcionam como redes de apoio, fortalecendo a confiança e contribuindo para a construção de conexões importantes para o crescimento profissional.

“As empresas precisam investir em programas de formação e mentoria específicos para mulheres, adotar políticas de contratação com foco em diversidade e garantir equidade salarial. Também é fundamental criar ambientes em que as mulheres possam crescer, se expressar e liderar. Além disso, medir constantemente os resultados dessas ações é essencial para que o compromisso com a equidade saia do papel”, acrescenta.

Segundo a empresária, em termos éticos, a diversidade é essencial no desenvolvimento de sistemas de IA. “Quando diferentes perspectivas estão presentes no desenvolvimento dessas tecnologias, conseguimos reduzir vieses, evitar exclusões e criar soluções que refletem melhor a complexidade da sociedade. IA não é neutra — ela reflete quem a desenvolve”, conclui.

Para mais informações, basta acessar: https://www.linkedin.com/in/cristina-boner-19646694/