Como é feita a escolha de um novo papa? Entenda o passo a passo do Conclave no Vaticano
A eleição de um novo papa, líder máximo da Igreja Católica, segue um processo tradicional e sigiloso que começa entre 15 e 20 dias após a morte do pontífice. O rito, conhecido como Conclave, mobiliza cardeais do mundo inteiro e é marcado por símbolos históricos, como as fumaças que saem da chaminé da Capela Sistina.
Durante esse período, o Vaticano convoca o Colégio dos Cardeais, composto atualmente por 252 religiosos. No entanto, apenas os cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto na eleição do novo papa. São 138 eleitores no total, incluindo sete brasileiros. Eles são Sérgio da Rocha, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, 65 anos, Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos, Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, 75 anos, Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos, Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos, João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, 77 anos, e Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.
Antes do início oficial da votação, o Colégio participa das chamadas Congregações Gerais. Esses encontros servem para discutir assuntos administrativos da Igreja e acertar detalhes do Conclave. As reuniões começam antes mesmo do fim dos novendiales — período de nove dias de missas em homenagem ao papa falecido.
Nessas congregações, os cardeais decidem o dia e a forma como o corpo do pontífice será transferido à Basílica de São Pedro, onde será velado pelos fiéis. Também organizam a logística do Conclave: preparam os locais de votação, ajustam os aposentos dos religiosos e definem a data da eleição.
O Conclave ocorre na Capela Sistina, com acesso restrito e sigilo absoluto. Os cardeais eleitores ficam isolados do mundo externo até que um novo papa seja escolhido. A palavra “Conclave” vem do latim cum clave, que significa “com chave”, simbolizando o isolamento dos votantes.
As votações seguem em sessões diárias, com até quatro escrutínios por dia — dois pela manhã e dois à tarde. Para ser eleito, o candidato precisa de dois terços dos votos.
A cada votação, os votos são queimados com substâncias que produzem fumaça preta ou branca, emitida por uma chaminé instalada no teto da Capela Sistina. A fumaça preta indica que nenhum nome foi escolhido. Já a fumaça branca anuncia que há um novo papa.
Logo após a escolha, o novo pontífice é convidado a aceitar o cargo. Em seguida, veste-se com as roupas papais e é apresentado ao público na Sacada Central da Basílica de São Pedro com a tradicional frase: Habemus Papam — “Temos um papa”.
A eleição do papa é um momento de renovação espiritual e administrativa para a Igreja. O processo respeita tradições milenares, ao mesmo tempo em que reflete desafios e expectativas da comunidade católica atual.
A escolha do novo papa não é apenas uma decisão religiosa — é também um movimento que pode influenciar o rumo da Igreja no cenário global.