O Rio Grande do Sul registrou o maior número de feminicídios em um único dia de sua história. Seis mulheres foram mortas por seus companheiros ou ex-companheiros nesta sexta-feira, 18, em seis cidades diferentes do Estado: Parobé, Feliz, São Gabriel, Viamão, Bento Gonçalves e Santa Cruz do Sul. As mortes aconteceram num intervalo de 12 horas.
Segundo o delegado Fernando Sodré, chefe da Polícia Civil do RS, nenhuma das vítimas tinha medida protetiva de urgência contra os suspeitos. O dado levanta alerta sobre a falta de proteção a mulheres em situação de risco e reforça a necessidade de atuação mais rápida e efetiva do poder público.
No bairro Morada do Funil, em Parobé, Caroline Machado Dorneles, de 25 anos, grávida, foi assassinada a facadas por volta das 5h. Segundo a polícia, o ex-companheiro é o principal suspeito. Ele fugiu e está foragido. O crime aconteceu na Rua 15 de Março, e a mulher foi atingida por pelo menos três golpes.
Pouco depois da 1h30min, Raíssa Müller, de 21 anos, e seu companheiro, Eric Richard de Oliveira Turato, de 24, foram mortos na cozinha de casa, em Feliz, no Vale do Caí. O autor seria o ex-namorado de Raíssa, de 25 anos, que teria cometido o crime após ver uma foto do casal nas redes sociais. Ele está internado no hospital sob custódia policial.
Ao meio-dia, em São Gabriel, na Fronteira Oeste, Juliana Proença, de 47 anos, foi morta com golpes de faca no pescoço. O crime ocorreu na frente da filha da vítima, de apenas seis anos. O suspeito, um ex-namorado com antecedentes criminais, foi preso com a arma do crime no interior do município. Ele foi identificado como sendo Gilberto Artifon. Na delegacia, o homem declarou que que a vítima teria invadido sua residência armada com uma faca e fora de controle, e que a morte teria ocorrido durante uma tentativa de se proteger.
Por volta das 14h30min, Patrícia Viviane de Azevedo, de 50 anos, foi morta a tiros em sua casa, no bairro Santa Isabel, em Viamão, na Região Metropolitana. O companheiro da vítima deixou no local um revólver calibre 32 e fugiu a pé. Ele ainda está foragido da polícia
No bairro Santa Rita, em Bento Gonçalves, Jane Cristina Montiel Gobatto, de 54 anos, foi assassinada com golpes de faca no pescoço. O autor, Milton Gobatto, de 64 anos, foi preso em flagrante pela Brigada Militar. Este foi o segundo feminicídio em Bento Gonçalves em apenas 20 dias.
No bairro Bom Jesus, em Santa Cruz do Sul, Simone Andrea Meinhardt, de 49 anos, foi esfaqueada até a morte pelo companheiro, que seria usuário de drogas. Facas com sangue foram apreendidas no local. Em depoimento, ainda na unidade de saúde, o homem afirmou que ele e Simone haviam sido vítimas de um assalto na madrugada e que os bandidos seriam os autores do crime.
Os casos desta sexta-feira escancaram a gravidade da violência contra a mulher no Rio Grande do Sul. As mortes, em sua maioria, aconteceram dentro de casa, e os autores eram pessoas com quem as vítimas tiveram ou mantinham vínculos afetivos.
A ausência de medidas protetivas em todos os casos reforça a dificuldade de prever e prevenir o feminicídio, mesmo diante de sinais de perigo. Para especialistas, o rompimento do relacionamento é um dos momentos mais críticos, quando aumentam as ameaças e os riscos de morte.
Diante de qualquer ameaça, agressão física ou psicológica, mulheres devem buscar ajuda imediata. Veja os principais caminhos:
Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher (24h, gratuito e sigiloso)
Delegacias da Mulher – Especializadas em acolher e investigar denúncias
Medidas protetivas de urgência – Garantidas pela Lei Maria da Penha
Boletim de ocorrência online – Disponível em alguns estados
Apoio de ONGs, serviços sociais e psicológicos municipais
Romper o silêncio é essencial para prevenir o feminicídio. A denúncia salva vidas e pode interromper o ciclo da violência.