A formação em Biomedicina no Brasil tem passado por mudanças significativas nas últimas décadas. Impulsionada pelo avanço da biotecnologia, da inteligência artificial (IA) e da medicina personalizada, a área vem ampliando seu escopo de atuação para além dos laboratórios clínicos. Instituições de ensino superior, como a UniFECAF, têm ajustado seus currículos para contemplar novas habilitações profissionais, ainda pouco conhecidas, mas com crescente demanda no mercado.
De acordo com o manual do biomédico, feito pelo Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), o Brasil conta com mais de 100 mil biomédicos registrados. Esse número tende a aumentar à medida que surgem novas possibilidades de atuação, especialmente em áreas que exigem alta qualificação técnica e constante atualização científica.
"A expansão da biomedicina acompanha mudanças nos sistemas de saúde, nas formas de diagnóstico e nas demandas sociais relacionadas à prevenção de doenças e à qualidade de vida. Ao mesmo tempo, a área se conecta com setores como justiça, estética e reprodução humana, exigindo profissionais com formação multidisciplinar", afirma a coordenadora do curso de Biomedicina da UniFECAF, Juliana Pachioni.
Crescimento da profissão do biomédico
Nos últimos anos, a atuação do biomédico tem se expandido, impulsionada pelo avanço tecnológico e pelas demandas do mercado. Algumas habilitações vêm ganhando destaque, atraindo profissionais em busca de novas oportunidades fora do ambiente laboratorial tradicional. Biomedicina Estética
Essa habilitação permite ao biomédico realizar procedimentos como aplicação de toxina botulínica, preenchimentos faciais e harmonização facial. A atuação exige formação específica e registro profissional, sendo uma opção para quem deseja atuar em consultórios próprios ou clínicas especializadas.
Perícia Criminal
O profissional habilitado pode trabalhar em laboratórios forenses, realizando exames toxicológicos, análises de DNA, identificação de substâncias químicas e interpretação de amostras biológicas. Essa atuação ocorre, geralmente, em parceria com instituições como a Polícia Federal, a Polícia Civil e os institutos de criminalística.
Reprodução Humana Assistida
Com o crescimento das técnicas de fertilização in vitro (FIV), biomédicos têm ocupado funções nas etapas laboratoriais da reprodução assistida, como manipulação de gametas, cultivo de embriões e acompanhamento dos processos reprodutivos. A habilitação exige formação técnica específica e trabalho conjunto com equipes multidisciplinares.
Formação e regulamentação
Criado em 1966, o curso de Biomedicina tem duração média de quatro anos e é regulamentado pelas Leis Federais nº 6.684/79 e nº 7.017/82. A formação inclui disciplinas teóricas, atividades práticas em laboratório e estágios supervisionados.
A grade curricular contempla áreas como:
- Ciências básicas: anatomia, bioquímica, genética, microbiologia, patologia, hematologia, farmacologia, fisiologia e imunologia;
- Ciências aplicadas: biotecnologia, parasitologia, diagnóstico por imagem e saúde pública;
- Gestão: administração laboratorial, controle de qualidade e biossegurança.
Tendências e desafios
A biomedicina tem se inserido de forma crescente em campos inovadores, acompanhando de perto o avanço das tecnologias médicas.
Biomédicos têm encontrado oportunidades em:
- Laboratórios de análises clínicas
- Indústrias farmacêuticas
- Institutos de pesquisa
- Serviços de diagnóstico por imagem
- Unidades de saúde pública e vigilância epidemiológica
Adaptação das instituições de ensino
Diante da complexidade crescente das demandas profissionais, instituições de ensino têm reformulado suas metodologias.
Juliana Pachioni destaca. “Com a expansão de áreas não convencionais, o curso deixa de ser associado exclusivamente à rotina laboratorial e passa a ocupar novos espaços, como a estética e a perícia. As mudanças no perfil profissional exigem uma formação consistente, aliada à atualização constante frente aos avanços científicos e tecnológicos”.
A estrutura dos cursos geralmente combina teoria, prática e atividades de campo, além de laboratórios específicos, convênios com clínicas e participação em eventos científicos. 